domingo, 16 de setembro de 2018

China ameaça romper negociações comerciais com os EUA

Na expectativa de um novo tarifaço a ser anunciado nesta semana pelo presidente Donald Trump, cobrindo importações de US$ 200 bilhões por ano, a China ameaça cancelar uma reunião para negociar as relações comerciais com os Estados Unidos prevista para esta semana, noticiou hoje o jornal The Wall Street Journal.

O governo chinês afirma que não vai negociar sob pressão. "A China nunca disse que não quer negociar com os EUA", declarou o economista Yang Weimin, ex-assessor do ditador Xi Jinping, "mas os EUA têm de mostrar sinceridade."

Outro assessor, que está na ativa, observou: "A China não vai negociar com um revólver apontado para sua cabeça."

Uma possível resposta chinesa é restringir a venda de matérias-primas, equipamentos e outros elementos das cadeias de produção da indústria americana. A maior empresa privada dos EUA, a Apple, seria diretamente afetada.

A rodada de negociações foi pedida pelo secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, em carta ao vice-primeiro-ministro Liu He, o czar econômico de Xi. Seria realizada em torno de 20 de setembro.

O governo Trump quer reduzir um déficit comercial que no ano passado chegou a US$ 375 bilhões. Mas o regime comunista chinês tem a impressão de que o objetivo maior é conter o desenvolvimento econômico e tecnológico da China.

Trump cobra não apenas uma redução do déficit. Exige o fim de subsídios que o governo chinês considera essenciais ao desenvolvimento econômico, científico e tecnológico.

"Isto não vai mudar a curto prazo", observou o ex-ministro das Finanças Lou Jiwei, atual diretor dos fundos de pensão estatais, considerado linha dura nas relações com o Ocidente. "Mas não vai funcionar."

Como o ditador Xi Jinping cultiva uma imagem de homem-forte, não está disposto a fazer concessões que passem uma sensação de fraqueza. Os dois países já impuseram sobretaxas sobre US$ 50 bilhões em importações anuais do outro.

Além da desconfiança quanto às reais intenções dos EUA, incomoda à China a insegurança nas negociações com o governo Trump. Beijim teme que as propostas do secretário do Tesouro enfrentem a resistência de falcões como o representante comercial americano, Robert Lighthizer, e do assessor comercial da Casa Branca, Peter Navarro.

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