segunda-feira, 24 de setembro de 2018

"Erradiquem a pobreza, combatam a fome", diz embaixador marroquino

Se os países ricos querem conter o fluxo de refugiados, devem erradicar a miséria e combater a fome, afirmou o ex-embaixador e pesquisador marroquino Mohamed Loulichki, ao participar do painel sobre a gestão de fluxos de refugiados da 15ª Conferência do Forte de Copacabana, realizada em 21 de setembro no Rio de Janeiro pela Fundação Konrad Adenauer, o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e a Delegação da União Europeia no Brasil.

"A crise migratória mudou a política na Alemanha", admitiu diplomata Henning Speck, assessor de política externa e segurança da bancada da União Democrata-Crista (CDU), o partido da chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel, e da União Social Cristã (CSU), sua aliada na Baviera.

Com a chegada de 1 milhão de refugiados em 2015, "o peso financeiro para as comunidades que os receberam foi enorme", declarou Speck, que defendeu uma harmonização dos sistemas de asilo político, a diplomacia preventiva e um planejamento de contingência para crises.

Loulichki lembrou crises de refugiados anteriores como a dos palestinos em 1948, quando foi criado o Estado de Israel, e das 800 mil pessoas que fugiram do Vietnã depois que a vitória da revolução comunista unificou o país, entre 1975 e 1995.

A solução é acabar com conflitos como as guerras civis da Síria e da Líbia, "a falta de democracia e de desenvolvimento econômico e social", preconizou o ex-embaixador do Marrocos, observando que "a migração é o estado normal dos seres humanos ao longo da história".

A África, acrescentou, tem 31% do total de refugiados no mundo. A maioria fica no continente. Nos últimos anos, entraram e média 25 mil africanos por ano na UE. Eles têm uma imagem negativa na Europa, associada "ao terrorismo, à doença e a invasões. Isto não ajuda.

Muito mais pobres do que a Alemanha, a Colômbia e a Jordânia receberam 1 milhão de refugiados cada uma, sírios no Oriente Médio, venezuelanos na América do Sul.

O pesquisador marroquina propôs "o respeito às obrigações internacionais" de conceder asilo, com um processo transparente de exame dos pedidos, e uma mudança na abordagem da segurança internacional para se concentrar no desenvolvimento e na responsabilidade de proteger os migrantes e refugiados.

"A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) deve ter um papel mais ativo e as organizações não governamentais devem ser encorajadas e não criminalizadas", enfatizou o embaixador Loulichki, numa crítica ao partido de extrema direita Liga, que faz parte do atual governo da Itália com seu líder Matteo Salvino como ministro do Interior.

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