LONDRES - Depois de duas semanas de ataques de Israel ao Líbano, o número oficial de mortes está em torno de 400 mas os serviços de emergência, médicos e enfermeiros estimam que o total esteja chegando perto de mil.
"Só no porto de Tiro, há 125 mortos e 150 desaparecidos, que podem estar soterrados pelos escombros", declara Sami Yazbek, chefe de operações da Cruz Vermelha na cidade. "Tiro é uma área pouco atingida em comparação com o Sul do Líbano. Então pode-se presumir que o total de mortos esteja sendo subestimado".
Ao invadir a cidade de Bint Jbail na manhã desta quarta-feira, o Exército de Israel sofreu uma emboscada. Oito soldados israelenses morreram no ataque lançado por cerca de 100 milicianos do Hesbolá, que montaram uma feroz resistência. Outro morreu em Marun al-Ras, fazendo deste o pior dia de guerra para Israel até agora, com a morte de nove soldados.
Nos bastidores da Conferência de Roma, que fracassou ontem em obter um cessar-fogo imediato, comentava-se que o Hesbolá está ganhando a guerra politicamente.
"Estamos falando de uma milícia - um pequena exército guerrilheiro com alguns milhares de combatentes - que faz todo o tipo de jogo sujo que as guerrilhas geralmente fazem. Mistura-se com a população local. Atrai bombardeios e ataques contra inocentes", observa o editor de Oriente Médio da revista americana Newsweek, Christopher Dickey, citado por The Wall St. Journal Online. "Mas também estão lutando até o fim contra a máquina militar de Israel, supostamente uma das melhores do mundo. E apesar do ataque maciço das tão elogiadas Forças de Defesa de Israel, o Hesbolá continua a atormentar Israel com mais de 100 foguetes por dia."
Israel teve sua grande vitória militar na Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando derrotou o Egito, a Síria e a Jordânia. Eram Forças Armadas regulares, tinham Exército, Marinha e Aeronáutica.
Quando o então presidente egípcio, Gamal Abdel Nasser, fechou o Canal de Suez e mandou a força de paz da ONU sair da Península do Sinai, Israel tomou estas atitudes por atos de guerra e partiu para o ataque, destruindo as forças aéreas inimigas terra, nos hangares.
Com total superioridade aérea, Israel cercou a aniquilou o Exército do Egito. O deserto é o paraíso dos tanques mas, sem cobertura aérea, os egípcios não tiveram a menor chance.
Hoje Israel enfrenta uma organização não-governamental. O Hesbolá é ao mesmo tempo uma milícia, um partido político e um movimento social e popular de base religiosa. Não vai desaparecer, mesmo que seus militantes sejam destroçados no campo de batalha.
A cada dia que passa, o Hesbolá dá sinais de resistência, a ponto de diplomatas árabes terem confessado em Roma ter "medo de que não apenas o Líbano seja destruído mas que o Hesbolá termine fincando sua bandeira no alto de um monte de destroços.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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