Para o ministro das Relações Exteriores, embaixador Celso Amorim, não há crise no processo de integração da América do Sul: "O Mercosul é complexo e turbulento mas vivo e dinâmico", afirmou hoje o chanceler brasileiro, ao participar da 1ª Conferência Nacional de Política Externa e Política Internacional, promoção da Fundação Alexandre Gusmão (Funag) e do Instituto de Pesquisas de Relações Internacionais (IPRI), ambos do Itamaraty, na sede do ministério no Rio de Janeiro.
O ministro só admitiu falar em crise no sentido do ideograma chinês para a palavra, que significa risco e oportunidade: "É um momento de mudanças. O Mercosul precisa ser ampliado a aprofundado ao mesmo tempo. Tem gente que não quer o Mercosul porque tem outros interesses, às vezes de ganho rápido".
Celso Amorim reconheceu que "o ingresso da Venezuela não é simples. Há visões do mundo não-coincidentes. Mas o Mercosul tem agora a cara da América do Sul". Em seguida, declarou que "a gente não fica esperando aplausos. Não interessa aos podersos uma política comum de energia".
Ele defendeu a prioridade dada pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva às relações com países em desenvolvimento: "As exportações cresceram mais onde a política externa é mais ativa. Os países em desenvolvimento representam hoje 53% do nosso comércio exterior; antes, eram 46%". Acrescentou que "falta muito o que fazer".
Falta, por exemplo, concluir a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio: "As normas internacionais e o multilateralismo são muito importantes", afirmou, observando que tanto nas negociações com os Estados Unidos para criar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) quanto com a União Européia as propostas dos países ricos ficaram muito aquém do que se discute na OMC. "Se não concluirmos a negociação na OMC, a pressão para fazer outros acordos será enorme".
Estas pressões viriam do empresariado temeroso de perder espaço nos mercados americano e europeu.
"Outra reforma inacabada é a das Nações Unidas", mencionou o chanceler. "Antes da primeira Guerra do Golfo, em 1990 e 1991, os EUA precisavam da Alemanha e do Japão para financiar a guerra. Passaram a apoiar a reforma do Conselho de Segurança mas com a entrada só da Alemanha e do Japão. Hoje não faz sentido uma reforma sem países em desenvolvimento, como reconheceu a ministra do Exterior britânica, Margaret Beckett", que acaba de visitar o Brasil.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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3 comentários:
Trecho da biografia de Margareth Beckett: "Mrs Beckett was appointed shadow Minister for Social Security from 1984-1989, shadow Chief Secretary to the Treasury from 1989-1992, and shadow Leader of the House from 1992-1994." O que significa "shadow" nesse contexto?
Ela era ministra do governo paralelo da oposição, uma tradição da política britânica. O líder da oposição indica um deputado para fazer "sombra" para cada ministro, criticando suas atividades. Se a oposição vence as eleições e se torna governo, geralmente ele passa a fazer parte do gabinete naquela pasta.
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