O ministro da Justiça e procurador-geral dos Estados Unidos, Alberto Gonzales, declarou ontem que a decisão da Suprema Corte que considerou ilegal o tribunal militar da base de Guantânamo, "prejudica nossa capacidade" de lidar com terroristas. Pela decisão adotada por 5 a 3, o governo George W. Bush precisa submeter os cerca de 450 detentos de Guantânamo a um julgamento justo, com base nas leis internacionais e americanas, ou libertá-los.
Antes de ser ministro, Gonzales foi o autor do parecer que caraterizava os presos na guerra contra o terrorismo como "combatentes ilegais". Por não pertencerem a um exército regular, não obedeceram a uma hierarquia militar e não usarem uniformes, não teriam os direitos previstos nas Convenções de Genebra sobre prisioneiros de guerra.
"Estamos avaliando a decisão da Suprema Corte e vamos trabalhar com o Congresso para nesta legislação" com a esperança de que "teremos condições de julgar estes presos em comissões militares", comentou o procurador-geral em entrevista à rede de TV americana CNN. Ele observou que a Justiça "não disse que não podemos manter os combatentes inimigos presos indefinidamente enquanto durarem as hostilidades".
O centro de detenção da base naval de Guantânamo foi instalado no início de 2002 para receber prisioneiros da guerra do Afeganistão, onde os EUA derrubaram, em outubro de 2001, o regime fundamentalista dos talebã, que governava o país desde 1996 e dava proteção e centros de treinamento à rede terrorista Al Caeda, responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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