LONDRES - A tentativa de salvar as negociações de liberalização comercial da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) fracassou. Uma reunião ministerial dos Estados Unidos, União Européia, Japão, Brasil, Austrália e Índia não conseguiu romper o ipasse, provocado sobretudo pela relutância dos países ricos em abrir mão de seus subsídios à agricultura, de mais de US$ 1 bilhão por dia.
Os EUA vinham insistindo para que países ricos e pobres abram seus mercados agrícolas mas recusa-se a reduzir significativamente seu apoio doméstico, o que acaba distorcendo o comércio. A Índia rejeitou a posição americana.
Com o fracasso da reunião do último fim de semana, a Rodada Doha terá de ser amplamente rediscutida e deve se prolongar por mais alguns anos.
Começa agora a discussão para saber de quem é a culpa pelo fracasso. A maioria dos participantes desta última reunião extraordinária para tentar salvar a Rodada Doha responsabiliza os EUA, que exigiam uma queda nas tarifas de importação de produtos agrícolas mas não estavam dispostos a negociar o apoio interno recebido pelos agricultores americanos.
Como os EUA são a maior economia do mundo, o subsídio interno aos agricultores americanos, embora não aumente as exportações, reduz o mercado americano para produtos agrícolas importados.
O governo George W. Bush ganhou uma autorização para promoção comercial do Congresso dos EUA até julho de 2007. Por isto este prazo era importante. Era necessário um pré-acordo sobre as questões centrais da Rodada Doha até o fim deste mês para que o acordo final fosse concluído a tempo de ser ratificado pelo Congresso americano, que neste caso não poderia emendar o acordo comercial, apenas aprová-lo ou rejeitá-lo.
A Rodada Doha deve se estender por mais alguns anos. Se andar, o futuro presidente dos EUA precisará de autorização do Congresso para negociar um acordo de comércio internacional.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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