O último bolsão de resistência do califado proclamado em 29 de junho de 2014 pelo líder Abu Baker al-Baghdadi caiu. As Forças Democráticas Sírias, uma milícia árabe-curda sustentada pelos Estados Unidos, declararam hoje vitória sobre o Estado Islâmico do Iraque e do Levante.
No seu momento de maior expansão, o Estado Islâmico dominava uma área do tamanho do Reino Unido no Leste da Síria e no Iraque, até as cercanias de Bagdá, com 10 milhões de habitantes, e pretendia se tornar um verdadeiro império do terror. Cerca de 40 mil jovens ocidentais migraram para lá sonhando com a utopia de uma sociedade islâmica pura.
Sua derrota no Oriente Médio acaba com o califado, mas não com sua ideologia brutalmente sanguinária. Seguidores do EI dominam parte da Península do Sinai, no Egito, estão no Afeganistão, nas Filipinas e no Nordeste da Nigéria, onde a milícia jihadista Boko Haram se declarou em 2015 a Província do Estado Islâmico na África Ocidental.
A maior vitória do EI foi a conquista de Mossul, uma das maiores cidades do Iraque, em 10 de junho de 2014. Humilhado e derrotado, o Exército iraquiano debandou, deixando para trás armas fabricadas nos EUA. Foi lá que Al-Baghdadi proclamou seu califado.
Pouco depois, o EI iniciou um genocídio contra o povo yazidi, provocando a intervenção militar americana, em agosto de 2014, com bombardeios aéreos e ajuda humanitária às vítimas. Quando o grupo começou a degolar refé.ns ocidentais, o governo Barack Obama declarou guerra ao EI.
Para não enviar soldados americanos para uma operação terrestre, os EUA armaram, treinaram e financiaram as FDS, de maioria curda.
A Rússia entrou na guerra civil da Síria em 30 de setembro de 2015, a pretexto de combater o terrorismo, quando na verdade queria sustentar a ditadura de Bachar Assad, seu principal aliado no Oriente Médio. Um atentado terrorista contra um avião russo no Deserto do Sinai levou a Força Aérea da Rússia a também bombardear o EI.
Em 13 de novembro de 2015, o EI realizou sua ação mais espetacular no Ocidente. Os atentados em Paris mataram 130 pessoas, mas o grupo já estava perdendo a guerra. É praticamente impossível resistir aos bombardeios das duas forças aéreas mais poderosas do mundo.
O objetivo inicial do EI era criar um califado no Oriente Médio e não aterrorizar as potências ocidentais, como fez Al Caeda, especialmente nos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA. Sob ataque da Rússia, dos EUA e seus aliados, inclusive a França e o Reino Unido, o EI partiu para a retaliação, mas o califado estava condenado.
Quando o presidente Donald Trump assumiu, em 20 janeiro de 2017, levantou as restrições impostas por Obama para proteger a população civil, dando plena liberdade aos generais para agirem como quisessem.
Desde então, era uma questão de tempo. A queda de Mossul e Rakka, na Síria, declarada capital do califado, foi o prenúncio do fim, que chegou hoje depois de muito sangue suor e lágrimas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sábado, 23 de março de 2019
Forças Democráticas Sírias declaram vitória sobre Estado Islâmico
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