Os dois maiores partidos do Reino Unido perderam vereadores nas eleições municipais de quinta-feira, 2 de maio de 2019, por causa da indefinição quanto à saída do país da União Europeia (UE). Os liberais-democratas e os verdes, a favor de continuar fazendo parte da Europa unida, foram os maiores vencedores.
A maior derrota foi do Partido Conservador, da primeira-ministra Theresa May, grande responsável pelo plebiscito e toda a confusão em torno das relações com a Europa. Os tories perderam 1.332 nas câmaras municipais de todo o país. Foi seu pior desempenho em eleições municipais desde 1995, quando o Reino Unido se preparava para eleger Tony Blair em 1997.
Com o domínio dos grandes partidos por causa do sistema de eleição distrital em turno único, era de se esperar que a derrota conservadora levasse à vitória do Partido Trabalhista, liderado por Jeremy Corbyn. Ele é considerado um radical de esquerda indeciso em relação à Brexit e à convocação de uma segunda consulta popular. Os trabalhistas elegeram 81 vereadores a menos.
O Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), grande defensor da Brexit, perdeu 145 cadeiras em relação a 2015, seu melhor resultado em eleições municipais anteriores.
Com um ganho de 700 vereadores, o Partido Liberal-Democrata, centrista e pró-europeu, ressurge depois de sofrer uma grande derrota nas eleições gerais de 2015, pagando o preço de ser o parceiro menor da coalizão com o Partido Conservador no primeiro governo David Cameron (2010-15).
Os Verdes ganharam 194 cadeiras e foram eleitos 615 vereadores independentes.
"Foi um voto para barrar a Brexit", declarou o líder liberal-democrata, Vince Cable, punindo conservadores e trabalhistas pela total incapacidade de chegar a um consenso mínimo para sair da UE ou convocar uma segunda consultar popular, um referendo sobre o acordo de divórcio ou a anulação do resultado do plebiscito de 23 de junho de 2016.
Nos dois casos, o desgaste para os grandes partidos será enorme. A questão europeia dividiu o país, provocando sua pior crise política depois da Segunda Guerra Mundial.
Cameron convocou o plebiscito depois de sua segunda vitória na expectativa de pacificar o partido, radicalmente dividido em torno da Europa desde a queda da primeira-ministra Margaret Thatcher, em 1990. Estendeu a divisão interna do partido a todo o país.
Como em tantos outros países, o eleitorado britânico está insatisfeito.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sábado, 4 de maio de 2019
Conservadores e trabalhistas perdem eleições municipais no Reino Unido
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