terça-feira, 7 de maio de 2019

Mianmar solta jornalistas presos por denunciar massacre do Exército

Depois de 511 dias de prisão, Mianmar libertou hoje dois jornalistas condenados por denunciar um massacre cometido pelo Exército do país na guerra contra a minoria rohingya num processo que gerou pesadas críticas ao desrespeito aos direitos humanos pelo governo mianmarense.

Wa Lone, de 33 anos, e Kyaw Soe Oo, de 29, foram presos em dezembro de 2017 e considerados culpados com base na Lei de Segredos Oficiais, do tempo em que a antiga Birmânia era uma colônia do Império Britânico. Em setembro de 2018, pegaram sete anos de cadeia.

Hoje, saíram da prisão por causa de uma anistia dada pelo presidente Win Myint a 6.250 prisioneiros no início do Ano Novo pelo calendário tradicional de Mianmar.

"Estou feliz e ansioso para ver minha família e meus colegas", declarou Wa Lone, citado pela agência de notícias Reuters. "Não vejo a hora de voltar à redação."

A reportagem que provocou a ira dos militares denunciou o massacre de 10 muçulmanos da minoria rohingya, perseguida pela maioria budista que domina Mianmar e o Exército, em Inn Din, no estado de Rakhine.

As autoridades mianmarenses reconheceram o massacre. No ano passado, sete soldados foram condenados a 10 anos de trabalhos forçados pelos crimes cometidos.

Mesmo assim, no mês passado, a Suprema Corte rejeitou um recurso dos jornalistas pedindo a revogação da sentença condenatória. Também no mês passado, a agência Reuters recebeu o Prêmio Politzer, o mais importante do jornalismo americano, pelo trabalho de reportagem em Mianmar, com destaque para as "notáveis contribuições" dos dois.

O caso suscitou pesadas críticas contra a principal líder política do país, Aung San Suu Kyi, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz 1991. Vários críticos pediram que o prêmio fosse retirado.

Mais de 730 mil rohingyas fugiram para Bangladesh para escapar da repressão em Mianmar, que não os reconhece como cidadãos alegando que são parte e descendentes de refugiados da Guerra da Independência de Bangladesh, em 1971.

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