Uma operação de resgate de turistas franceses sequestrados por terroristas muçulmanos no Benin, na África, mobilizou 20 soldados especializados em resgate de reféns, drones e helicópteros das Forças Armadas da França no Norte de Burkina Fasso, na África Ocidental.
Quatro reféns foram libertados, entre eles dois franceses, uma americana e uma sul-coreana, mas dois soldados franceses morreram em ação, noticiou o jornal francês Le Monde. É mais um sinal de que a guerra contra o terrorismo se dá cada vez mais na África.
Laurent Lassimouillas e Patrick Picque faziam um safári no Parque da Pendjari, no Norte do Benin, uma das últimas reservas de vida selvagem na África Ocidental, que fica ao longo da fronteira com Burkina Fasso. Na noite de 1º de maio, eles não voltaram ao acampamento. Dias depois, foi encontrado corpo seviciado de seu guia.
A operação de resgate foi realizada pela força francesa na região Sahel, no Sul do Deserto do Saara, chamada Barkhane e a Força-Tarefa Sabre, com a participação de 20 especialistas do Comando Hubert, uma das sete unidades comandos da Marinha e talvez a tropa de elite mais prestigiada das Forças Armadas da França.
Tudo foi planejado e feito com a cooperação da inteligência militar dos Estados Unidos na região e com o Exército de Burkina Fasso. Desde que os reféns foram sequestrados, os serviços secretos formaram uma rede para obter informações sobre seu paradeiro.
Um oficial francês revelou que os reféns em trânsito em Burkina Fasso. Os terroristas pretendiam levá-los para o Norte do Mali. Em 7 de maio, os franceses foram localizados no Norte de Burkina Fasso. Enquanto o comboio estava em movimento, era impossível agir sem ameaçar a vida dos reféns, explicou o comandante militar da operação.
Na quinta-feira, o comandante de operações especiais viu que os sequestradores haviam parado e pediu a autorização ao presidente Emmanuel Macron para atacar. À noite, Macron deu a ordem.
A decisão foi tomada antes que os reféns fossem entregues a outra grupo terrorista mais poderoso, a katiba Macina ou Frente de Libertação do Macina, uma milícia islamista ligada à rede terrorista Al Caeda que atua no Norte do Mali e teria encomendado o sequestro.
Seu líder, Amadou Koufa, é considerado mais do que um comandante militar. É um guia espiritual, um catalisador das frustrações dos jovens da região. Em janeiro de 2015, ele lançou sua insurreição, que no ano passado causou a morte de cerca de 500 civis.
Em março de 2017, Koufa apareceu ao lado de líderes tuaregues do Mali e da rede Al Caeda no Magreb e Al Mourabitoun, unindo suas forças no Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos. Todos estavam sob o comando de Ag Ghali dentro de Al Caeda no Magreb Islâmico.
Mas, de acordo com o serviço secreto burkinense, o sequestro no Norte do Benin foi realizado pelo Estado Islâmico no Grande Saara. Se for o caso, a Frente Macina, afiliada a Al Caeda, mantém ligações com outros grupos jihadistas como o burkinense Ansaroul Islam e com o Estado Islâmico, concorrente da Caeda.
Sob a noite escura, os comandos franceses avançaram 200 metros a céu aberto e passaram por um sentinela para chegar às quatro barracas do acampamento. Quando estavam a cerca de 10 metros, foram percebidos. Os sequestradores engatilharam suas armas. Mesmo assim, os franceses decidiram não abrir fogo para preservar os reféns.
Neste momento, os soldados Cédric de Pierrepont e Alain Bertoncello foram mortos, cada um em uma barraca. Quatro terroristas foram mortos e dois conseguiram fugir. A presença das duas outras reféns, a americana e a sul-coreana, não era esperada. Elas eram reféns há 28 dias.
O presidente Macron "curva-se com emoção e gravidade diante do sacrifício de nossos dois militares", declarou em nota o Palácio do Eliseu. Em 14 de maio, às 11h em Paris (6h em Brasília), Macron vai presidir uma homenagem aos mortos no Palácio dos Inválidos, onde fica o túmulo de Napoleão Bonaparte.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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