segunda-feira, 27 de maio de 2019

Voto de desconfiança derruba primeiro-ministro conservador da Áustria

O mais jovem líder eleito do mundo, o chanceler (primeiro-ministro) da Áustria, Sebastian Kurz, de 32 anos, caiu hoje depois de um escândalo corrupção envolvendo o vice-chanceler e líder do Partido da Liberdade (FPÖ), de extrema direita. 

Kurz, que chegou ao poder em 2017, foi o primeiro líder austríaco afastado com um voto de desconfiança do Parlamento no pós-guerra. Para derrubar Kurz, a oposição social-democrata se aliou ao FPÖ para aprovar uma moção de desconfiança.

O estopim do escândalo chamado de Ibizagate foi uma gravação de julho de 2017, feita em Ibiza, na Espanha, em que o então vice-chanceler de ultradireita Hans-Christian Strache negociava contratos públicos e a compra de um jornal com uma mulher que se fez passar por sobrinha a de um oligarca russo.

Quando o escândalo veio à tona, Strache caiu e o FPÖ retirou seus outros ministros do governo, que ficou em minoria. Ficaram evidentes as ligações da extrema direita austríaca com a Rússia. Na gravação, ele manifestou a intenção de tornar o jornalismo da Áustria igual ao da Hungria, onde o primeiro-ministro de ultradireita Viktor Orbán cerceia a liberdade de imprensa.

Até setembro, quando haverá novas eleições, a Áustria, um país de 9 milhões de habitantes, deve ser administrada por um governo tecnocrático. Kurz será candidato à reeleição e as pesquisas apontam a vitória do seu Partido Popular Austríaco (ÖVP).

Nas eleições para o Parlamento Europeu no último fim de semana, o ÖVP venceu com 35%, seguido pelo Partido Social-Democrata da Áustria (SPÖ) com 23,4%, o FPÖ com 17,2% e os Verdes com 14%.

Para revigorar o partido, ao se tornar líder, Kurz tomou algumas bandeiras da extrema direita como a linha dura contra imigrantes em à crise com a tentativa de entrada na Europa de uma onda de refugiados das guerras na África e no Oriente Médio. Ele também abraçou as guerras culturais, proibindo o véu islâmico em escolas primárias.

Ao contrário dos populistas de extrema direita, o ex-chanceler austríaco evita a retórica inflamada e o tom estridente. Tenta passar a imagem de um conservador moderno, claramente à direita da chanceler (primeira-ministra) da Alemanha, (Angela Merkel), mas dentro de um partido tradicional.

Depois das eleições de 2017, ele preferiu se aliar à ultradireita a formar uma grande coalizão com os sociais-democratas, reunindo os dois partidos que dominaram a política austríaca no pós-guerra.

Agora, o SPÖ propôs a moção de desconfiança alegando que Kurz precisa ser responsabilizado por se aliar à extrema direita.

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