O Ministério do Exterior da Coreia do Norte responsabilizou mais uma vez ontem os Estados Unidos pelo fracasso nas negociações entre o presidente Donald Trump e o ditador Kim Jong Un em Hanói, no Vietnã, em 27 e 28 de fevereiro.
Para pressionar os EUA a voltar à mesa de negociações, a Coreia do Norte deve fazer testes de mísseis. A ditadura comunista norte-coreana não aceita a exigência americana de uma total desnuclearização antes do levantamento das sanções que sufocam a economia do país.
A apreensão recente de um navio da Coreia do Norte transportando carvão, em violação das sanções internacionais contra o programa nuclear de Pyongyang, aumentou a hostilidade entre os dois países, que está no pior nível desde que Trump e Kim trocaram os insultos por afagos e juras de amor.
Os EUA querem resolver tudo de uma só vez. A Coreia do Norte aposta numa negociação longa. Desde o fim da União Soviética, em 1991, o regime stalinista de Pyongyang faz uma chantagem atômica com o Ocidente, ameaçando desenvolver armas nucleares para barganhar energia e alimentos para sua combalida economia.
Kim Jong Un chegou ao poder em dezembro de 2011, ano da queda e morte do ditador líbio Muamar Kadafi, que tinha feito um acordo com as potências ocidentais para entregar suas armas de destruição em massa. Isso o teria levado à determinação de desenvolver armas atômicas como garantia de sobrevivência do regime.
Com um arsenal estimado hoje de 20 a 60 ogivas nucleares, Kim estaria em condições de negociar uma abertura econômica para desenvolver a Coreia do Norte, um país que passa a noite no escuro por escassez de energia. Mas dificilmente vai abrir mão das armas que lhe deram o poder que tem hoje.
O regime comunista norte-coreano investiu muito no programa nuclear, sacrificando seu povo, que passa fome, para entregar tudo numa negociação com seu inimigo histórico.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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