segunda-feira, 6 de maio de 2019

Macri propõe acordo de dez pontos para estabilizar economia argentina

Em carta a líderes políticos, inclusive a sua maior rival, a ex-presidente Cristina Kirchner, governadores, empresários e a Confederação Geral do Trabalho (CGT), o presidente Mauricio Macri propôs um acordo nacional em torno de dez pontos para garantir a estabilidade da economia da Argentina independentemente de quem vencer a eleição presidencial de 27 de outubro de 2019.

No texto, transcrito pelo jornal Clarín, Macri admite que o país conseguiu "um consenso democrático que fechou às portas a excperiências autoritárias, a alocação universal por filho, o rechaço à violência política, a aliança estratégica com o Mercosul, para dar alguns exemplos."

Ao mesmo tempo, não conseguiu um acordo sobre questões básicas para o desenvolvimento econômico, acrescentou o presidente argentino, "convertendo nosso país num paradoxo mundial pela falta de desenvolvimento e a pobreza, apesar de nossos recursos e nossas potencialidades."

A seguir, Macri lista dez pontos que considera imprescindíveis, esclarecendo que "não são um plano de governo, nem uma proposta eleitoral, nem um contrato de adesão":

  1. Atingir e manter o equilíbrio fiscal, tanto na nação quanto nas províncias.
  2. Sustentar um central independente no manejo dos instrumentos de política monetária e cambial, em função do seu objetivo principal, que é o combate à inflação até levá-la a índices similares aos dois países vizinhos.
  3. Promover uma integração inteligente com o mundo, trabalho para o crescimento sustentável de nossas exportações.
  4. Respeito à lei, aos contratos e aos direitos adquiridos a fim de consolidar a segurança jurídica, elemento chave para promover o investimento.
  5. Criação de empregos formais através de uma legislação trabalhista moderna, que se adapte às novas realidades do mundo do trabalho sem pôr em risco os direitos dos trabalhadores.
  6. Reduzir a carga de impostos nacional, provincial e municipal, começando pelos impostos distorcivos.
  7. Consolidação do sistema previdenciário sustentável e equitativo que dê segurança aos atuais e futuros aposentados.
  8. Consolidação de um sistema federal transparente que assegure transferências às províncias não sujeitas à discricionariedade do governo nacional do dia.
  9. Assegurar um sistema de estatísticas profissional, confiável e independente.
  10. Cumprimento das obrigações com nossos credores.
A ex-presidente Cristina Kirchner, que aparece à frente de Macri em pesquisas eleitorais, está em El Calafate, no extremo sul da Argentina. Volta a Buenos Aires e reaparece em público na quinta-feira para lançar Sinceramente, seu livro de memórias. 

Sua assessoria antecipou que ela não assinará em baixo de todas as propostas de Macri e de responder por escrito, rejeitando o convite para um diálogo nacional e a criação de uma espécie de seguro contra a instabilidade decorrente da disputa eleitoral.

A recessão econômica de 2,6% no ano passado, que pode chegar a 6% neste ano, e uma inflação prevista em 40% para este ano derrubaram a popularidade do presidente e ameaçam sua reeleição. Nos últimos 12 meses, a construção civil recuou 12,3% e a indústria 13,4%.

O mercado aposta numa candidatura alternativa da governadora da província de Buenos Aires, María Eugenia Vidal, para evitar a volta de Cristina, que abandonaria o esforço fiscal das reformas de Macri para equilibrar as contas públicas. A governadora já disse que só vai concorrer se Macri pedir.

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