quinta-feira, 23 de maio de 2019

Trump rompe diálogo com oposição exigindo fim das investigações

Em mais uma reação temperamental, o presidente Donald Trump abandonou ontem, depois de três minutos, um encontro com líderes do Partido Democrata para discutir obras de infraestrutura. 

Nos jardins da Casa Branca, o presidente alegou ter sido acusado de tentar "acobertar" crimes cometidos no exercício do cargo e exigiu o fim das investigações da Câmara dos Representantes sobre obstrução de justiça.

"Entrei na sala e vi uma pessoa que me acusou de acobertamento. Não faço acobertamentos. Vocês provavelmente sabem disso melhor do que ninguém", declarou Trump aos jornalistas, referindo-se a uma entrevista dada horas antes pela presidente da Câmara, deputada Nancy Pelosi. "Acabem com estas investigações espúrias."

Pelosi descreveu a reação do presidente como "um ataque de fúria temperamental" para esconder a "falta de confiança" do presidente diante do "tamanho do desafio" de recuperar a infraestrutura dos EUA. Ela falou em "acobertamento" diante da recusa de Trump de fornecer documentos pedidos pela Câmara, de maioria oposicionista, e de impedir assessores e ex-assessores de depor em inquéritos parlamentares.

Horas antes do encontro, Trump havia enviado uma carta ao Congresso dizendo que primeiro os deputados e senadores teriam de aprovar o novo acordo de livre comércio da América do Norte. Ao entrar na sala, o presidente não cumprimentou os líderes democratas e nem chegou a se sentar.

O líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, acusou Trump de armar uma cena teatral porque não pretende financiar um grande plano para recuperar e melhorar estradas, portos, pontes, canais, redes de energia e a infraestrutura da Internet, estimado em US$ 2 trilhões.

Alguns analistas políticos entendem que a obstrução do presidente visa a pressionar os democratas a abrir um processo de impeachment contra ele. Como dificilmente seria condenado pelo Senado, onde a oposição é minoria e precisaria dos votos de 20 senadores republicanos, Trump posaria de vítima de perseguição durante a campanha para a eleição presidencial de 2020.

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