2017 será mais um ano turbulento para a economia mundial, com problemas e incerteza política nas quatro maiores economias do mundo: a União Europeia, os Estados Unidos, a China e o Japão, observam Matthew Goodman e Daniel Remler, do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sede em Washington.
Na Europa, uma série de eleições ameaça levar a extrema direita ao poder ou perto dele em vários países importantes. Depois da pirataria cibernética da Rússia para ajudar a candidatura de Donald Trump nos EUA, é evidente que o protoditador Vladimir Putin vai prosseguir em sua cruzada contra a democracia e o liberalismo.
Em 15 de março, a Holanda realiza eleições gerais. O favorito é o neonazista Geert Wilders, do Partido da Liberdade, já condenado por seu discurso de ódio.
Sob ameaça do terrorismo e em estagnação econômica, os franceses vão as urnas em 23 de abril para escolher um novo presidente. Todas as pesquisas indicam que a líder neofascista Marine Le Pen, da Frente Nacional, vai para o segundo turno, em 7 de maio, provavelmente contra o candidato de centro-direita François Fillon, que promete uma revolução neoliberal na França.
A maior potência econômica europeia, a Alemanha, vota no fim de setembro. Apesar da vantagem de dois dígitos sobre o Partido Social-Democrata (SPD), a reeleição da chanceler (primeira-ministra) Angela Merkel, da União Democrata Cristã (CDU), de centro-direita, foi abalada pelo atentado terrorista com 12 mortos numa feirinha de Natal em Berlim.
Desde a Segunda Guerra Mundial, a CDU tenta evitar que partidos mais à direita entrem no Parlamento Federal. Com a crise dos refugiados, surgiu a Alternativa para a Alemanha (AfD), antieuro e anti-imigração. O terrorismo e a imigração tendem a dominar a campanha eleitoral,
O Reino Unido, segunda maior economia do continente, não fará eleições. O cenário político será dominado pela Brexit, a saída britânica da UE aprovada em plebiscito em 23 de junho de 2016. A primeira-ministra Theresa May promete recorrer ao Artigo 50 do Tratado de Lisboa, que regula a saída de países do bloco europeu, até 31 de março.
As negociações do divórcio devem durar dois anos. Até agora, não há nenhuma sinal de que o Reino Unido vai continuar sendo parte do mercado comum europeu. Pelas normas da UE, o país precisa aceitar a livre circulação de mercadorias e pessoas. Como o controle da imigração foi uma das questões centrais da Brexit, a chance de desacordo é enorme.
Na Itália, com a derrota e queda do primeiro-ministro Matteo Renzi no plebiscito de 4 de dezembro, não há saída a vista para a instabilidade política crônica e a estagnação econômica. Os bancos do continente estão em situação frágil e as regras da UE proíbem os governos nacionais de salvar instituições financeiras, mas a Itália foi forçada a fazer isso.
Na manhã desta sexta-feira, o governo do primeiro-ministro Paolo Gentilone aprovou um pacote de ajuda aos bancos de 20 bilhões de euros (R$ 69 bilhões).
A França deve manter a média de crescimento medíocre, pouco acima de 1% ao ano, registrada desde 2010. Com a locomotiva Alemanha exportando menos e seus líderes resistindo a um estímulo fiscal, a maior economia deve crescer apenas 1,4%.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
sexta-feira, 23 de dezembro de 2016
Espectro da extrema direita ronda a Europa
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