A vice-presidente Leni Robredo, eleita independentemente, anunciou hoje que vai sair do governo das Filipinas e líderar a oposição a políticas controvertidas do presidente Rodrigo Duterte, como sua guerra contra as drogas, noticiou o jornal filipino Manila Times.
Depois de entrar várias vezes em choque com o presidente, Leni Robredo foi proibida de participar de reuniões ministeriais. Fora do governo, sente-se livre para contra-atacar: "Terei uma voz mais forte de oposição a todas as políticas em detrimento do povo como a pena de morte, a redução da maioridade penal, execuções extrajudiciais e o tratamento discriminatório das mulheres."
Na eleição presidencial de maio de 2016, Robredo derrotou por pequena margem Ferdinand Marcos Jr., filho do ditador do mesmo nome, que dirigiu o país com mão de ferro durante a Guerra Fria, de 1965 a 1986.
Como vice independente, Robredo estabeleceu suas próprias prioridades: segurança alimentar e combate à fome, educação, desenvolvimento internacional, empoderamento e cobertura universal de saúde. Ela acusa as políticas de combate ao crime de Duterte de ignorar o verdadeiro problema das Filipinas, a miséria de grande parte da população.
Marcos Júnior, aliado de Duterte, que reenterrou o ditador no Cemitério dos Heróis, acusou Leni Robredo de fraudar a eleição e seu Partido Liberal de conspirar para derrubar o presidente.
Há rumores persistentes de golpe de Estado em Manila, mas a empresa de consultoria e análise estratégica americana Strafor não acredita em golpe, "a não ser que uma ampla parcela da sociedade e do Congresso se mobilizem contra Duterte."
Cerca de 4 mil pessoas morreram em seis meses da guerra de Duterte contra as drogas, criticada por organizações não governamentais de defesa dos direitos humanos. O presidente instigou a população a fazer justiça por conta própria, matando traficantes e usuários de drogas. Um agente denunciou à Anistia Internacional que basta colocar uma fita crepe ao redor da cabeça do morto e escrever caso de drogas para a morte não ser investigada.
Duterte chegou a ofender o presidente Barack Obama com palavrões por críticas à sua guerra contra as drogas. O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, falou com ele por telefone. Na versão do governo filipino, Trump teria elogiado a política de guerra às drogas.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
Vice-presidente das Filipinas adere à oposição
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