Numa medida sem precedentes desde que os Estados Unidos restabeleceram relações diplomáticas com a República Popular da China, em 1979, o presidente eleito, Donald Trump, falou por telefone com a presidente Tsai Ing-wen, de Taiwan, que a China considera uma província rebelde e ameaça invadir se declarar independência, noticiou o jornal britânico Financial Times.
Os EUA romperam relações diplomáticas com Taiwan em 1979, como precondição para o reatamento com a China, reconhecendo que só existe uma China e que o governo comunista de Beijim é seu único representante legítimo. Mas mantêm o compromisso histórico de defender a ilha para onde os nacionalistas do Kuomintang fugiram quando a revolução liderada por Mao Tsé-tung tomou o poder no continente, em 1º de outubro de 1949.
Desde o rompimento, nenhum presidente dos EUA havia mantido contato oficial direto com um presidente taiwanês. A China ainda não reagiu oficialmente.
De acordo com um porta-voz da equipe de transição do presidente eleito, Trump e Tsai "discutiram os laços econômicos, políticos e segurança estreitos" entre os dois países.
O partido da presidente taiwanesa é a favor da independência, o que pode gerar retaliação de Beijim. Desde sua eleição, o regime comunista cortou as comunicações porque a líder taiwanesa não proclamou oficialmente sua adesão ao princípio de que só existe uma China, pedra fundamental da política externa de Beijim.
"A ligação coloca em dúvida se Trump aceita ou não o princípio básico das relações EUA-China", comentou Evan Medeiros, ex-assessor do governo Barack Obama especialista em China, hoje na consultoria Eurasia Group. "É uma garantia de que as relações EUA-China sob Trump terão um início muito tumultuado."
Em 1979, quando do reatamento, a China era responsável por 2% do produto mundial bruto. Hoje, produz 16% da riqueza. É a segunda maior economia do mundo e uma superpotência em ascensão.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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