Por 14 a zero, com a abstenção dos Estados Unidos, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou há pouco uma resolução condenando a colonização dos territórios árabes ocupados por Israel e pedindo a "cessação imediata de toda atividade de colonização em territórios palestinos ocupados, inclusive no Leste de Jerusalém".
A mudança de posição dos EUA depois de décadas da ocupação israelense, na Guerra dos Seis Dias, em 1967, é a resposta do governo Barack Obama à decisão do governo linha-dura de Israel de não avançar nas negociações e ampliar a colonização para criar um fato consumado.
O projeto de resolução foi apresentado inicialmente pelo Egito, que recuou ontem sob pressão dos EUA e de Israel, mas quatro países que copatrocinaram a proposta (Malásia, Nova Zelândia, Senegal e Venezuela) a reapresentaram hoje.
Diante da nova resolução, a Autoridade Nacional Palestina pode processar Israel em tribunais internacionais e movimentos como BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) e Paz Agora saem fortalecidos.
Obama foi duramente criticado no Congresso e pelo poderoso lobby israelense nos EUA. O presidente eleito, Donald Trump, que anunciou a mudança da Embaixada Americana em Israel para Jerusalém, insistiu ontem que os EUA deveria vetar a resolução. A maioria dos países não mudou a embaixada porque o setor oriental de Jerusalém é considerado internacionalmente um território ocupado.
Anos atrás, Obama declarou que a paz entre árabes e israelenses não viria de resoluções da ONU e, sim, de negociações diretas entre as partes. Seu governo tentou várias vezes restabelecer o diálogo, mas o primeiro-ministro linha-dura Benjamin Netanyahu sempre rejeitou a exigência dos palestinos de congelar a colonização.
Nos últimos anos, entraram para o governo partidos de ultradireita favoráveis à anexação pura e simples da Cisjordânia ocupada à revelia do direito internacional, que veda a guerra de conquista. A anexação dos territórios árabes ocupados seria um golpe fatal na Palestina independente e na democracia em Israel.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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