Um atirador turco matou hoje o embaixador da Rússia em Ancara, Andrei Karlov, para se vingar da intervenção militar russa na guerra civil da Síria e do massacre dos rebeldes na Batalha de Alepo, noticiou o jornal turco Hurriyet. O assassino, identificado como Mevlüt Mert Altintas, um policial de folga de 22 anos, foi morto pela polícia.
Foi o primeiro assassinato de um embaixador na capital da Turquia. Karlov, de 62 anos, discursava na abertura de uma exposição de fotografia no centro de Ancara no início da noite quando foi baleado várias vezes por Altintas, que gritou: "Não se esqueçam de Alepo! Não se esqueçam da Síria! Enquanto nossos irmãos não estiverem seguros, vocês não estarão seguros!"
O assassinato foi gravado em vídeo. "Quem quer que tenha parte nesta opressão vai pagar por ela, um por um, Só a morte vai me tirar daqui. Deus é grande", acrescentou o atirador antes de ser morto.
No momento do ataque, o ministro do Exterior turco, Mevlüt Çavuslogu, viajava para Moscou, onde amanhã se reúne com os chanceleres da Rússia. Serguei Lavrov, e do Irã, Mohamed Javad Zarif, para discutir o futuro da Síria.
"Não vai haver um novo esfriamento nas relações entre Moscou e Ancara, não importa quão fortes sejam nossos adversários estratégicos em Ancara e no Ocidente", afirmou o presidente da Comissão de Relações Internacionais da Duma do Estado (Câmara), deputado Leonid Slutsky. "Isto não vai acontecer. Há diferenças entre nós, mas as relações entre os dois países não vão sofrer."
A Rússia entrou na guerra civil da Síria em 30 de setembro de 2015 a pretexto de combater a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Na prática, o presidente russo, Vladimir Putin, queria evitar o colapso da ditadura de seu aliado Bachar Assad - e conseguiu.
Essa intervenção acabou com os planos do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de derrubar Assa e criar uma zona desmilitarizada e de proibição de voo para assentar os 2,7 milhões de refugiados sírios que entraram na Turquia desde o início da guerra civil da Síria, em março de 2011.
Em 24 de novembro do ano passado, a Turquia derrubou um caça-bombardeiro russo Sukhoi Su-24 que atacava rebeldes sírios turcomanos apoiados por Erdogan e teria penetrada no espaço aéreo turco. A tensão aumentou muito entre os dois países.
Como a Turquia faz parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), um ataque russo obrigaria a aliança militar ocidental a reagir com base no princípio de que um ataque contra um é um ataque contra todos.
Hoje os Estados Unidos e a OTAN condenaram o assassinato do embaixador.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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