Pelo quarto dia seguido, as Damas de Branco marcharam pelas ruas de Havana para protestar contra a prisão de 75 pessoas, há sete anos, na chamada Primavera Negra; 53 continuam presos.
O regime comunista de Cuba atribui a onda de protestos de março de 2003 a uma campanha insuflada pelo então presidente dos Estados Unidos, George Walker Bush. E chama os dissidentes de "mercenários a serviço dos EUA".
Cerca de 30 mulheres vestidas de branco se reuniram numa igreja. Na saída, com flores nas mãos, marcharam pelas ruas da Velha Havana com determinação.
"Hoje faz sete anos que prenderam meus parentes. Não vamos deixar de marchar, aconteça o que acontecer", declarou a líder do movimento, Laura Pollán. "Estamos aqui para lembrar os 75 dissidentes, jornalistas e bibliotecários presos em 2003."
Logo o grupo foi cercado por uma multidão de partidários da ditadura militar cubana, que gritavam: "Esta rua é de Fidel". Pelo jeito, Fidel Castro é o dono de tudo por lá, da rua, do povo, do país.
As Damas de Branco responderam: "Zapata vive!, Zapata vive!", em homenagem a Orlando Zapata Tamayo, o dissidente morto por uma greve de fome durante a visita do presidente Lula, muito criticado internacionalmente por ter se omitido.
Os defensores do regime contra-atacaram: "O povo unido jamais será vencido". As mulheres não se intimidaram: "Democracia, democracia!"
Em seguida, agentes do povo vestidos a paisana em carros particulares enfiaram uma mulher para dentro do carro diante das câmeras da televisão estrangeira. Foi uma cena típica de um regime fascista.
A massa interrompeu então a marcha, forçando as Damas de Branco a entrarem na casa de uma das mulheres do grupo. Atrás das grades, elas continuaram gritando: "Viva os direitos humanos!" e "Zapata vive!
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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