quinta-feira, 25 de março de 2010

Papa é acusado de omissão diante de pedofilia

Santa Sé foi acusada de omissão diante do abuso sexual de 200 menores surdos por um padre nos Estados Unidos.

Um apelo direto ao então cardeal Joseph Ratzinger, na época chefe da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, hoje papa Bento XVI, não deu em nada.

Em 1996, Ratzinger não respondeu a duas cartas do arcebispo de Milwaukee, Rembert Weakland. Oito meses depois, o então secretário da congregação, cardeal Tarcisio Bertone, hoje secretário de Estado do Vaticano, instruiu os bispos dos EUA a julgarem secretamente o padre Lawrence Murphy.

Depois de uma carta endereçada a Ratzinger em que Murphy pediu para terminar a vida eclesiástica  com dignidade, Bertone encerrou o processo. Murphy nunca foi preso nem processado. Morreu e foi enterrado de batina.

Os bispos dos EUA ficaram convencidos de que o Vaticano preferiu não manchar a imagem da Igreja. Ratzinger também foi acusado de omissão quando era bispo de Munique, apesar de inúmeras denúncias, mais de 250 casos em toda a Alemanha.

É um padrão que se repete. Dos 3 mil casos de pedofilia na Igreja denunciados nesta década, só 20% terminaram em julgamento.

Nesses processos, em apenas 10% dos casos os padres pedófilos foram imediatamente expulsos da Igreja. Outros 10% se afastaram espontaneamente. Em 60%, houve apenas advertências ou punições como transferência.

Ontem, o Vaticano aceitou a renúncia do bispo irlandês John Magee, da Diocese de Cloyne, acusado de não tomar medidas para punir escândalos de pedofilia. Magge foi secretário particular de três papas. Foi a primeira pessoa a descobrir a morte do papa João Paulo I, em 1978.

Outros quatro bispos irlandeses renunciaram. Até agora, o Vaticano só aceitou a renúncia de Magee.

Na Alemanha, o governo Angela Merkel nomeou uma procuradora especial para investigar mais de 250 de abuso sexual de menores em escolas católicas, protestantes e não religiosa. Será a ex-ministra para a Família, Cristine Bergman.

Durante a reunião ministerial, a ministra da Educação, Annette Schavan, reconheceu que são crimes graves que deixam marcas profundas nos jovens.

Bernhard Rasche, de 51 anos, que com 11 anos foi internado numa escola católica da Baviera conta que sofreu abusos físicos, emocionais e sexuais: "Um mesmo padre molestava sexualmente as crianças todas as noites."

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