Em uma grande vitória política do presidente Barack Obama, a Câmara dos Estados Unidos acaba de aprovar a reforma de saúde para incluir mais 32 milhões de americanos que hoje não tem nenhuma cobertura.
Foi uma vitória histórica e apertada. Eram necessários 216 votos. O resultado final foi 219 a favor e 212 contra.
Obama foi pessoalmente ao Capitólio no sábado fazer um último apelo para pressionar os deputados democratas em dúvida a aprovar sua proposta de política interna mais importante até agora. Na campanha, ele prometeu acesso à saúde para todos.
A reforma tem um custo estimado de 940 bilhões em dez anos. Enfrenta forte oposição das empresas de seguro médico e da oposição republicana, que alegou que os EUA não têm condições de pagar a conta.
Os EUA são o país que mais gasta dinheiro com saúde no mundo, cerca de 16% de seu produto interno bruto, de US$ 14,3 trilhões. A medicina de alta qualidade é a melhor do mundo, mas 46 milhões de pessoas não têm cobertura de saúde.
Com os gastos públicos para enfrentar a crise, a dívida pública dos EUA pulou para US$ 12,6 trilhões, 88% do PIB.
No Congresso, foram nove meses de uma batalha política que será usada pelo Partido Republicano tentar retomar a maioria na Câmara e no Senado nas eleições intermediárias de novembro, em que serão renovados um terço do Senado e toda a Câmara.
Sem maioria, Obama pode ter a certeza de dois anos tumultuados rumo à reeleição em 2012.
A última manobra política do presidente para garantir a aprovação da reforma da saúde foi prometer emitir um decreto proibindo o uso de dinheiro do governo federal em abortos. Era uma questão essencial para os democratas que são contra o aborto.
No encaminhamento da votação, o deputado democrata Steve Kagen defendeu o projeto dizendo que vai salvar vidas e empregos, e colocar o paciente em primeiro lugar.
Já o deputado republicano Paul Ryan acusou o governo Obama de encampar o sistema de saúde dos EUA. Seu líder, o deputado John Boehner ameaçou a maioria democrata de estar prestes a se tornar minoria, nas eleições de novembro, se aprovasse o projeto.
"A maioria nesta Casa está indo contra a vontade do povo", discursou. "E quando a maioria vai contra a vontade popular, está a caminho de se tornar minoria."
Essa foi claramente a estratégia republica para tentar derrubar a reforma da saúde: aterrorizar os democratas conservadores e indecisos, dizendo que eles estão liquidados eleitoralmente votando a favor do governo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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