Em mais um sinal do isolamento crescente da república islâmica, durante visita ao Oriente Médio em que não foi a Teerã, o primeiro-ministro Wen Jiabao declarou que a China "se opõe decididamente ao desenvolvimento e posse de armas nucleares pelo Irã". É uma linguagem dura raramente usada por dirigentes chineses para falar de questões externas.
O primeiro-ministro chinês também advertiu explicitamente a ditadura teocrática iraniana a não fechar o Estreito de Ormuz, entrada do Golfo Pérsico, por onde passam cerca de 20% do petróleo consumido no mundo.
Na viagem, Wen foi apenas à Arábia Saudita, ao Catar e aos Emiradores Árabes Unidos, monarquias petroleiras sunitas adversárias do regime fundamentalista xiita dos aiatolás iranianos. Afastou-se do Irã e se aproximou de países capazes de fornecer o petróleo que a China pode parar de comprar em Teerã, se aceitar as pressões dos Estados Unidos contra o programa nuclear iraniano.
Como as empresas chinesas têm investimentos de mais de US$ 1 bilhão no Irã, Wen insistiu que é preciso separar as questões diplomáticas de sanções econômicas capazes de prejudicar outros países.
Na visão de Michal Maydan, analista do Eurasia Group em Londres, citado pelo jornal The New York Times, a mensagem chinesa é clara: "Não apoiamos o programa nuclear do Irã, mas negócios são negócios".
Os chineses são contra a bomba iraniana e contra uma guerra capaz de desestabilizar profundamente o Oriente Médio, com sérias consequências para o mundo inteiro.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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