O presidente deposto de Honduras, José Manuel Zelaya, do Partido Liberal, já está em Manágua, onde participa de uma reunião de cúpula de emergência com os presidentes da região para condenar o golpe militar e exigir a restauração da democracia em Honduras, depois de ter sido mandado para a Costa Rica pelos golpistas.
Em Tegucigalpa, o Congresso deu posse a seu presidente, Roberto Micheletti, como presidente interino, alegando estar cumprindo a Constituição. Em São José da Costa Rica, Zelaya afirmou que ainda é o presidente de Honduras porque foi eleito pelo povo e só o povo pode levá-lo de volta ao poder.
A Organização dos Estados Americanos (OEA), o Brasil, os Estados Unidos e a Venezuela, entre outros países, repudiaram a ruptura da democracia, deixando o movimento golpista virtualmente isolado. Isso torna muito difícil o sucesso do golpe a longo prazo.
Tanto o presidente dos EUA, Barack Obama, quanto o da Venezuela, Hugo Chávez, rejeitaram o golpe, prometendo não reconhecer qualquer outro governo hondurenho, a não ser o eleito democraticamente.
Durante a Guerra Fria, Honduras era o porta-aviões dos EUA, na América Central. Serviu como base de apoio para o governo de El Salvador durante a guerra civil salvadorenha e também para os contras da Nicarágua. Seus militares tem uma forte aliança ideológica com os EUA.
Zelaya foi eleito pelo Partido Liberal, que está à esquerda do Partido Nacional mas não deixa de ser conservador. No poder, se aliou a Chávez na Aliança Bolivarista para as Américas (Alba). Parecia mais interessado nos petrodólares venezuelanos, que tem um peso enorme para os países pobres da América Central e do Caribe.
É uma fonte de dinheiro importante para uma região tão pobre. Vem acompanhada de um preço político.
Os petrodólares e o discurso chavista desafiam a oligarquia hondurenha. Zelaya tentava realizar uma consulta popular para propor a reeleição, que atualmente não é permitida pela Constituição de Honduras.
Foi o limite para os donos do poder em Honduras. Mas o tiro vai sair pela culatra. Com a condenação do golpe, isolado, o novo governo não tem a menor chance.
No mundo globalizado, um pequeno país centro-americano de cerca de 8 milhões de habitantes não tem como se fechar. Não é a Coreia do Norte nem a Birmânia, que tem o apoio da China.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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