domingo, 21 de abril de 2019

Comediante judeu é eleito presidente da Ucrânia

Um humorista sem experiência política que pouco tempo atrás representava o presidente em programas de televisão foi eleito presidente da Ucrânia por ampla margem. De acordo com pesquisas de boca de urna, Volodymyr Zelensky teria recebido 73% dos votos contra 25% para o atual presidente, Petro Porochenko.

É uma ascensão extraordinária para o comediante de 41 anos, que anunciou sua candidatura na véspera do Ano Novo. "Prometo nunca trair vocês", declarou Zelensky ao festejar a vitória. Num recado à vizinha Rússia e desafio ao Kremlin, acrescentou: "A todos os países da antiga União Soviética, olhem para nós... Tudo é possível."

Como candidato antissistema, Zelensky se beneficiou do desgaste de Porochenko e da classe política ucraniana, desmoralizada por escândalos de corrupção e pela situação econômica do país depois da Revolução da Praça Maidan, que derrubou o presidente Viktor Yanukovich, mas provocou uma intervenção militar da Rússia, em fevereiro de 2014.

Por ordem de Moscou, soldados russos da Frota do Mar Negro estacionados em Sebastopol, na Crimeia, tomaram esta península, anexada ilegalmente pela Rússia em março de 2014. Em abril daquele ano, começou uma revolta insuflada pelo Kremlin no Leste da Ucrânia, causando uma guerra civil em que mais de 10 mil pessoas foram mortas.

A intervenção militar russa na Ucrânia levou os Estados Unidos e a União Europeia a adotarem sanções contra a Rússia, degradando as relações entre o Kremlin e o Ocidente a seu pior período desde o fim da Guerra Fria e da URSS, em 1991.

Zelensky conquistou 30% dos votos no primeiro turno, em 31 de março. Na campanha do segundo turno, Porochenko, um bilionário conhecido como o Rei do Chocolate, tentou sem sucesso apresentar o adversário como inexperiente.

O presidente eleito, a se confirmarem as pesquisas, batizou seu partido como Servidor do Povo, título do programa de TV em que representa um professor honesto combatendo a elite corrupta.

Ele promete acelerar as reformas econômicas e ampliar a integração à UE, mas não indicou como pretende se relacionar com o ditador da Rússia, Vladimir Putin, que age como se a Ucrânia pertencesse historicamente à Rússia.

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