terça-feira, 2 de abril de 2019

Aviões de caça chineses intimidam Taiwan

Dois aviões de caça J-11 da Força Aérea da China cruzaram a fronteira no Estreito de Taiwan no domingo e se negaram a mudar de curso durante dez minutos. A presidente taiwanesa, Tsai Ing-wen, descreveu a incursão como "provocativa e imprudente" e ordenou a expulsão dos jatos da China se voltarem a cruzar a fronteira.

Foi a mais séria incursão da Força Aérea do Exército Popular de Libertação no espaço aéreo de Taiwan neste século. Os caças chineses costumavam cruzar a fronteira até 1999, quando os dois países concordaram em acabar com esta prática. As incursões posteriores foram consideradas acidentais.

Desta vez, a duração indica que foi proposital. A decisão do regime comunista chinês de romper o acordo é um teste para a reação de Taiwan e uma pressão para que a ilha que a ditadura de Beijim considera uma província rebelde peça para negociar.

O risco é de uma nova onda de provocações capazes de aumentar a tensão nas relações China-Taiwan. Como os EUA têm o compromisso de defender a ilha, correm o risco de serem atraídos para o conflito.

As relações se deterioraram com a eleição de Tsai, do Partido Democrático Progressista (PDP), favorável à independência da Taiwan, que a China adverte que seria uma declaração de guerra. A resposta da ditadura comunista foi aumentar as ações militares no estreito.

Em reação, o governo Trump aumentou as patrulhas navais na região e deu a aprovação inicial para Taiwan comprar mais de 600 caças-bombardeiros americanos F-16. Com a escalada de tensões, a China deve ampliar as patrulhas navais e as manobras militares no Estreito de Taiwan.

No Ano Novo, o ditador chinês, Xi Jinping, descreveu a unificação como a "grande tendência da história", advertiu que Taiwan "precisa e vai ser" parte da China e não descartou o uso da força.

Quando a revolução comunista tomou o poder na China continental, em 1º de outubro de 1949, os nacionalistas derrotados fugiram para Taiwan sob a liderança de China Kai-shek.

Desde então, o regime comunista insiste na reunificação do país e boicota Taiwan sistematicamente em foros internacionais. Para um país manter relações com a China, precisa romper com Taiwan. É a política do regime comunista de que só existe uma China.

Com a democratização da ilha e a eleição direta do presidente, a partir de 1996, o anseio de independência cresceu. As atitudes de Beijim em relação a Hong Kong, a ex-colônia britânica devolvida em 1997, onde o regime comunista prometeu manter o sistema por 50 anos, desestimulam qualquer possibilidade de reunificação.

De olho nas eleições municipais de novembro, o governo de Taiwan pretende proibir serviços de vídeo de companhias chinesas de alta tecnologia para impedir a interferência da China, a desinformação e a propaganda de Beijim na política interna do país.

"As notícias falsas causam muita confusão entre o governo e a sociedade e ameaçam nossa democracia", comentou a Presidência de Taiwan. "Não podemos resolver o problema da desinformação simplesmente mudando a lei. Temos de fazer mais", declarou a porta-voz Kolas Yotaka.

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