A Assembleia Nacional do Egito aprovou ontem uma série de emendas constitucionais , inclusive a ampliação para seis anos do mandato presidencial. Assim, o mandato do ditador Abdel Fattah al-Sissi vai até 2024, quando ele terá direito de concorrer à reeleição, ficando no poder até 2030.
Outras emendas criam o cargo de vice-presidente e restabelecem o Conselho da Shura (Conselho Consultivo), um órgão de assessoramento com funções de câmara alta, de um Senado. Também impõem quotas para a representação de mulheres e minorias na Assembleia Nacional.
Todas estas emendas precisam ser aprovadas em referendo. Talvez a mais importante seja a que dá ao Conselho Supremo das Forças Armadas a palavra final sobre a nomeação do ministro da Defesa do Egito, que tem o maior Exército do mundo árabe.
O mandato das Forças Armadas ficou mais fortes, com a definição como "uma instituição do povo com a missão de garantir o território, a Constituição, a democracia, os direitos individuais, o Estado, o governo civil e os ganhos do povo." Não há nenhuma supervisão do poder civil sobre os militares. É o contrário.
Qualquer ação militar está justificada para salvaguardar o Egito. As Forças Armadas governam o país desde o golpe militar de 1952, que derrubou o rei Faruk. Houve um breve período em que os militares se afastaram, da queda de Hosni Mubarak em 11 de fevereiro de 2011, à queda de Mohamed Mursi, o presidente eleito democraticamente pela Irmandade Muçulmana.
Em 3 de julho de 2013, Al-Sissi deu o golpe e retomou o controle da política do Egito para os militares. Desde o tempo de Gamal Abdel Nasser (1956-70), o grande líder do nacionalismo árabe nos anos 1950s e 1960s, o Egito tem um Estado centralizado e autoritário, no modelo soviético.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário