Na série de atentados mais violenta desde o fim da guerra civil, há dez anos, oito explosões atingiram três igrejas e três hotéis de luxo frequentados por estrangeiros neste Domingo de Páscoa no Sri Lanka, o antigo Ceilão.
Pelo menos 290 pessoas morreram e mais de 500 saíram feridas. Nenhum grupo reivindicou a autoria dos ataques. A polícia suspeita de extremistas muçulmanos. Prendeu 24 suspeitos.
A partir das 8h45 (0h15 em Brasília), houve explosões na Igreja de Santo Antônio, em Colombo; a Igreja de São Sebastião, em Negombo; e a Igreja Zion, em Batticaloa; durante o horário de missa da manhã.
Os três hotéis de luxo atacados ficam na capital, Colombo: Shangri-La, Cinnamon Grand e Kingsbury. As outras duas explosões foram atribuídas pela polícia a terroristas em fuga. No domingo à noite, a polícia desativou uma bomba perto do Aeroporto Internacional Bandaranaike.
Dos 39 estrangeiros mortos, 25 foram identificados: oito indianos, três americanos, dois chineses, dois britânicos, dois turcos, um bengalês, um dinamarquês, um holandês, um japonês, um marroquino, um paquistanês, um polonês e um português.
Em pronunciamento oficial na televisão, o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe condenou "os ataques covardes de hoje" e fez um apelo à população para não espalhar notícias falsas e especulativas. As autoridades ainda não determinaram a autoria.
Os atentados coordenados e simultâneos contra civis têm a marca de grupos jihadistas como a rede Al Caeda e o Estado Islâmico. O Estado Islâmico costuma reivindicar até mesmo a autoria de ações armadas que não realizou.
Há dez dias, a polícia havia recebido um alerta de que um grupo extremista muçulmano, National Thowheeth Jamaath, planejava ataques a igrejas. Até agora, era mais conhecido por vandalizar e destruir estátuas budistas.
De acordo com o Centro Internacional para Estudos sobre a Violência Extremista, o NTJ não luta pela independência ou autonomia politica. Sua guerra é religiosa para impor sua visão puritana e punir os infiéis e pescadores.
De julho de 1983 a maio de 2009, o Exército do Sri Lanka enfrentou uma rebelião armada dos Tigres pela Libertação do Ilam Tamil, uma guerra civil entre a maioria singalesa e budista e a minoria tamil e hindu.
Mais de 50 mil pessoas morreram durante a guerra civil, mas a luta era entre budistas (70%) e hindus (13%). As minorias muçulmana (10%) e cristã (7%) estavam praticamente fora da briga.
Com cerca de 22 milhões de habitantes, o Sri Lanka é considerado o terceiro país mais religioso do mundo; 99% consideram a religião um aspecto muito importante da vida.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário