O imperador Akihito abdicou hoje ao trono do Japão, o que não acontecia desde 1817, marcando o fim da era Heisei (1989-2019), de "conquista da paz", e o início da era Reiwa, da "bela harmonia", com a ascensão de seu filho mais velho, Naruíto.
Akihito sucedeu ao pai, Hiroíto, que governou o Japão durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), quando em tese tinha poderes divinos e absolutos. O país foi acusado de vários crimes de guerra depois de atacar os Estados Unidos sem declarar guerra, em 7 de dezembro de 1941, invadir a China e vários países do Sudeste Asiático.
Depois das bombas atômicas em Hiroxima e Nagasáki, Hiroíto foi obrigado a assinar a rendição incondicional, em agosto de 1945. Ficou no trono como um símbolo do Japão, mas a Constituição imposta pelos EUA tirou quase todos os seus poderes.
Quando Akihito ascendeu ao Trono do Crisântemo, em 1989, era a época do Super-Japão, com uma indústria que desafiava a supremacia econômica dos EUA. Mas teve uma vida completamente diferente dos seus antecessores. Pode até mesmo casar com uma plebeia, a imperatriz Michiko.
Discretamente, Akihito se opôs à reforma constitucional pretendida pelo atual primeiro-ministro, Shinzo Abe, para o país poder voltar a usar suas Forças Armadas no exterior, projetando seu poderio militar.
Como não havia previsão constitucional para abdicação do imperador, foi preciso aprovar uma lei para permitir que Akihito, debilitado por problemas de saúde, deixasse o trono aos 85 anos.
Aos 59 anos, Naruíto é o herdeiro do trono da monarquia mais antiga do mundo. De acordo com a tradição, é o 125º descendente direto do imperador Jimu, que fundou o Império do Japão em 660 antes de Cristo.
Pela lei imperial japonesa, desde o fim do século 19, as mulheres não podem ascender ao trono. A filha mais velha de Naruíto é a princesa Aiko. Até pouco tempo, só havia princesas na família real. Agora, ela tem um primo, que se tornou o segundo na linha sucessória, depois do pai, o príncipe Fumihito, de 53 anos, irmão mais moço do novo imperador.
Há um movimento para que Aiko herde o trono.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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