quarta-feira, 17 de abril de 2019

Ex-presidente do Peru se mata para não ser preso por corrupção

O ex-presidente peruano Alan García Pérez se suicidou com um tiro na cabeça hoje para não ser preso por corrupção num desdobramento da Operação Lava Jato no país vizinho. 

Outros dois ex-presidentes do Peru, Ollanta Humala e Pedro Pablo Kuczynski, foram presos por receber suborno da construtora Odebrecht. Alejandro Toledo está refugiado nos Estados Unidos. 

Uma candidata derrotada, Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, condenado por corrupção e violação dos direitos humanos, está em prisão preventiva por receber dinheiro sujo da Odebrecht para a campanha eleitoral de 2011.

Ao ser interpelado pela polícia em sua casa, no aristocrático bairro de Miraflores, em Lima, hoje de manhã, García pediu para ir até o quarto telefonar para seu advogado e se deu um tiro na cabeça, contou o ministro do Interior do Peru, Carlos Morán, citado pelo jornal La República.

García foi levado para o Hospital Casimiro Ulloa. Horas depois, a ministra da Saúde, Zulema Tomás Gonzáles, anunciou a morte depois de três paradas cardíacas.

A Odebrecht depositou o dinheiro sujo na conta de Miguel Atala e de lá foi para Chalán, apelido de Luis Nava, ex-secretário particular de García. O ex-presidente negava ter conhecimento do depósito e da ilegalidade das transações.

Alan García era da Aliança Popular Revolucionária Americana (APRA), o principal partido populista da esquerda do Peru, fundado por Víctor Raúl Haya de la Torre. Do ponto de vista político e ideológico, era uma espécie de Leonel Brizola peruano.

García governou o Peru duas vezes. Na primeira, de 1985 a 1990, fez uma administração desastrosa, marcada pela hiperinflação de 7.694% em 1990 e a rebelião armada do grupo terrorista de esquerda Sendero Luminoso.

A crise profunda levou à eleição em 1990 de Alberto Fujimori, de origem japonesa, que deu um golpe de Estado em 1992, fechando o Congresso e a Corte Suprema. Mesmo assim, García, convertido à economia de mercado, foi reeleito em 2006 para um segundo mandato. Nessa campanha, teria recebido dinheiro ilícito da Odebrecht.

Seu ex-secretário Luis Nava e o ex-ministro Enrique Cornejo foram presos nas atuais diligências. Depois do Brasil, o Peru foi o país mais atingido pela Lava Jato. García tentou pedir asilo político ao Uruguai, mas foi rejeitado.

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