quinta-feira, 2 de abril de 2009

G-20 promete mais um US$ 1 trilhão contra crise

Eles tiveram quatro horas e meia para salvar o mundo.

Há duas horas, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anunciou os principais pontos do documento final da conferência de cúpula do Grupo dos Vinte (G-20), que reúne os 19 países mais ricos do mundo e a União Europeia. São as maiores potências industriais capitalistas do Grupo dos Sete (EUA, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá) e os grandes emergentes (África do Sul, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, China, Coréia, Índia, Indonésia, México, Rússia e Turquia).

A Declaração de Londres promete criar uma nova ordem mundial para, “juntos, administrarmos o processo de globalização”, manter o compromisso de ajuda aos pobres e promover uma recuperação econômica verde. Um novo encontro deve ser realizado ainda este ano.

Brown declarou que o Consenso de Washington está morto e que o G-20 “fará tudo o que for necessário” para recuperar a economia mundial. Os principais pontos são os seguintes:

1. REFORMA DO SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL: foram estabelecidos os princípios, como fiscalização dos fundos de hedge e de todos os produtos financeiros, criação de normas internacionais de contabilidade, regulamentação das agências de classificação de risco e enquadramento dos paraísos fiscais, que serão obrigados a fornecer informações sobre depositantes, acabando com o sigilo bancário como existia antes. Será criado um novo Conselho de Estabilidade Econômica (o órgão regulador que a Alemanha e a França queriam), com novos mecanismos de supervisão, um colégio internacional de supervisores e novas regras para bônus e salários de executivos do setor. Sarkozy admitiu que gostaria de ter ido mais longe, mas disse que foi um grande passo a frente.

2. SANEAMENTO FINANCEIRO: foram adotadas regras para remover os títulos indesejáveis dos balanços dos bancos.

3. RETOMADA DO CRESCIMENTO: os líderes mundiais prometem fazer tudo o que for necessário para acabar com a recessão. Brown estimou que os planos de estímulo fiscal, os maiores da História, devem chegar a US$ 5 trilhões até o ano que vem, com o objetivo central de gerar empregos. Além de cortar as taxas de juros numa escala e num alcance sem precedentes, os bancos centrais estão tomando outras medidas, como aumentar a quantidade de dinheiro em circulação. O FMI terá uma linha de crédito de US$ 1 trilhão, uma espécie de limite de cheque especial que os países-membros poderão sacar de acordo com suas cotas de contribuição ao Fundo. Os recursos para ajuda de emergência do FMI serão triplicados, com mais US$ 500 bilhões em dinheiro novo. Brown prevê uma recuperação mais rápida do que o Fundo prevê. Os planos de estímulo devem ser usados para promover uma economia mais verde, com menos emissões de carbono, tendo em vista também a Conferencia de Copenhague, que deve fechar em dezembro um acordo pós-Quioto.

4. FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES ECONÔMICAS INTERNACIONAIS para aumentar a supervisão da economia internacional e combate à pobreza, com mais voz e votos para países emergentes e em desenvolvimento, e indicação de diretores com base no mérito (hoje os EUA indicam o presidente do Banco Mundial e a Europa o diretor-geral do FMI).

5. RELANÇAR O COMÉRCIO INTERNACIONAL: concluir a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio e resolver o problema de financiamento do comércio internacional com uma linha de crédito de US$ 250 bilhões.

6. COMPROMISSO COM OS POBRES: o G-20 reafirma o compromisso com as Metas do Milênio de redução da pobreza e com as promessas de ajuda anteriores à crise. O FMI vai vender US$ 50 bilhões em ouro de suas reservas para isso.

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