Além de um investimento de US$ 1 bilhão que o presidente Evo Morales não merecia depois de ocupar militarmente instalações da Petrobrás em 1º de maio do ano passado, o presidente Lula aproveitou sua visita à Bolívia para aconselhar paciência e prudência ao líder boliviano, acossado por declarações de autonomia dos departamentos mais ricos de seu pobre país.
Mais uma vez, Lula foi conciliador e magnânimo, entre outras razões para conter a expansão do chavismo na região da Cordilheira dos Andes. Usou a Petrobrás como instrumento de política externa, mas isso é natural nesta época de ascensão do nacionalismo energético.
Há poucos meses, um cientista político boliviano disse no Rio de Janeiro que o Brasil tinha três políticas externa para a Bolívia, "da Petrobrás, do [assessor presidencial para política externa] Marco Aurélio Garcia e do Itamaraty".
As presenças de Lula e do ministro das Relações Exteriores, embaixador Celso Amorim, em La Paz, anunciando investimentos de US$ 1 bilhão da Petrobrás na Bolívia unificam o discurso e mostram a Morales quem é dependente.
Depois de sérios equívocos - especialmente a ocupação militar de instalações da Petrobrás e a expectativa do governo brasileiro de que a Petrobrás seria tratada de forma diferente na nacionalização do petróleo e do gás da Bolívia -, as relações bilaterais voltam á normalidade.
Também é uma vitória do modelo de integração latino-americana defendido pelo Brasil, o chamado regionalismo aberto. É uma integração com claros objetivos políticos mas baseada no mercado e na economia. Visa a aumentar o poder de barganha dos países-membros nas grandes negociações internacionais.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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