Os curdos do Iraque devem votar maciçamente pela independência num plebiscito convocado para 25 de setembro de 2017. A questão é como o presidente do governo regional autônomo do Curdistão iraquiano, Massoud Barzani, vai enfrentar a oposição dos árabes do Iraque e dos outros países do Oriente Médio.
A consulta popular não obriga Barzani a declarar independência. Ele deve usar o resultado para pressionar o governo central do Iraque, com sede em Bagdá, a transferir mais poderes aos curdos. Com uma população estimada entre 30 e 45 milhões de pessoas, os curdos são o maior povo do mundo sem um Estado nacional.
Até agora, Barzani conseguiu equilibrar as aspirações dos curdos pela independência com a geopolítica do Oriente Médio. Como os curdos estão distribuídos entre Turquia, Síria, Irã e Iraque, estes países têm um interesse comum contra a independência do Curdistão. O novo país tenderia a reivindicar soberania sobre as regiões dos países vizinhos onde os curdos são maioria.
O plebiscito complica as relações do governo curdo iraquiano com a Turquia, onde vive a maioria dos curdos. A prioridade turca na Síria é desmantelar as Unidades de Proteção Popular (YPG), braço armado dos separatistas curdos ligado ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado terrorista pela Turquia.
Os guerrilheiros curdos do YPG formam o grosso das Forças Democráticas Sírias (FDS), uma aliança árabe-curda que luta contra a organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante na Síria com o apoio da Força Aérea dos Estados Unidos.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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