A Organização das Nações Unidas pediu à coalizão de 68 países liderada pelos Estados Unidos um cessar-fogo na Batalha de Rakka, a capital da organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e do Levante, na Síria, para resgatar cerca de 25 mil civis que estariam encurralados na cidade, alvo de 250 ataques aéreos em uma semana.
"Não consigo pensar num lugar pior hoje na Terra", declarou em Genebra, na Suíça, o diplomata norueguês Jan Egeland, ex-secretário-geral adjunto da ONU para ajuda humanitária. "As pessoas não podem fugir por causa do risco de bombardeios aéreos. É hora de pensar nas possibilidades de uma trégua que possa facilitar a saída dos civis."
Desde que a batalha começou, em junho de 2017, centenas de civis foram mortos, estima a organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional. O Estado Islâmico tenta impedir a fuga dos civis para usá-los como escudos humanos.
Os sobreviventes enfrentaram minas e armadilhas do Estado Islâmico, além de atiradores alvejando quem tentava escapar, uma barragem de artilharia e bombardeios aéreos. Ao sul do Rio Eufrates, vilas e campos de refugiados foram atacados por forças leais à ditadura de Bachar Assad
A oposição síria fala em dezenas de mortos nos bombardeios desta semana. O comandante militar americano, general Stephen Townsend, declarou em Bagdá "não ter visto informações concretas de que o número de vítimas civis em Rakka tenha aumentado em algum grau significativo.""
Além da coalizão aérea, as Forças Democráticas Sírias (FDS), uma milícia árabe-curda apoiada pelos EUA, estão bombardeando Rakka. As FDS são a força terrestre da coalizão. Mais da metade de Rakka já estaria em seu poder.
No Iraque, o Estado Islâmico também está sendo derrotado, na Batalha de Tal Afar, última cidade importante em seu poder. É o fim do califado proclamado pela milícia terrorista em junho de 2014, semanas depois da conquista de Mossul, a segunda maior cidade iraquiana, retomada pelo governo em julho.
Com o fim de seu protoestado, o Estado Islâmico volta a ser apenas um grupo terrorista clandestino. Isso não o torna menos perigoso, como mostram os atentados contra grandes cidades europeias nos últimos anos.
Só no Iraque e na Síria, foram mais de 1,5 mil ataques nos últimos meses em áreas antes dominadas pela milícia. Mas é o terrorismo contra o Ocidente que dá maior visibilidade aos jihadistas e permite recrutar novos voluntários para o martírio.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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