terça-feira, 8 de agosto de 2017

Chavistas arrombam plenário da Assembleia Nacional da Venezuela

Com a cobertura de um grande contingente da Guarda Nacional, Delcy Rodríguez, sob o comando do coronel Bladimir Lugo, a presidente da Assembleia Nacional Constituinte convocada pelo ditador Nicolás Maduro, arrombaram nesta noite o plenário da Assembleia Nacional, dominada pela oposição desde o início de 2016, noticiou o jornal venezuelano El Nacional.

Em nota de protesto, o presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges, declarou que, "aproveitando a noite, estes altos funcionários do governo, apoiado por um já conhecido coronel, cometeram este atropelo contra a sede do Poder Legislativo."

O objetivo seria preparar uma reunião às 10h desta terça-feira da Assembleia Nacional Constituinte convocada por Maduro, ilegal e ilegítima, por violar a atual Constituição da República Bolivarista da Venezuela, que exige a realização de um plebiscito para convocar a Constituinte.

Sua eleição violou a regra básica da democracia de que todos os adultos tenham direito ao voto e que todos os votos tenham o mesmo peso. Na Constituinte de Maduro, dois terços dos deputados foram eleitos "territorialmente".

Cada cidade teve direito a um deputado e as capitais de estados, a dois. Isso deu um peso enorme a pequenas comunidades rurais com populações muitos menores do que as grandes cidades.

O outro terço foi eleito por "entidades" da sociedade civil, na verdade, atreladas ao regime chavista. Como a oposição boicotou sua eleição, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) tem controle absoluto da Constituinte.

Assim, Maduro pretende usurpar o poder legislativo da Assembleia Nacional eleita democraticamente em 6 de dezembro de 2015 e implantar uma ditadura governando com entidades pelegas.

Para dar uma aparência de legitimidade à Constituinte, o Conselho Nacional Eleitoral, subserviente ao regime, anunciou que mais de 8 milhões de pessoas votaram. Duas semanas antes, em consulta popular organizada pela oposição, 7,5 milhões rejeitaram a Constituinte de Maduro e o ditador queria bater esse número.

No fim de semana, um grupo de militares e civis rebelados atacou um quartel na cidade de Valência. Duas pessoas morreram no confronto. O governo chamou os rebeldes de "terroristas". Há poucas semanas, houve um suposto ataque de helicóptero jamais esclarecido.

Esses dois ataques não significam uma divisão na alta cúpula das Forças Armadas, hoje o principal sustentáculo do regime chavista, mas podem indicar uma insatisfação em escalões inferiores. Soldados e oficiais de baixa patente não têm os privilégios da cúpula e sofrem o impacto da crise econômica brutal, com queda de 30% do produto interno bruto nos últimos quatro anos, inflação de 1.200% ao ano e desabastecimento generalizado, com emagrecimento da população.

A Constituinte deve aumentar o controle do Estado sobre a economia, no modelo cubano, que, como dizia Fidel Castro, não funciona nem em Cuba. Maduro não tem saída para a pior crise econômica da história da Venezuela, que não pode ser atribuída aos Estados Unidos.

Afinal, desde que o coronel Hugo Chávez foi eleito presidente, em 1998, a Venezuela vendeu US$ 1 trilhão em petróleo e o maior comprador foi os EUA.

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