A China não acredita que o atual tiroteio verbal entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte desande numa guerra. Defende a desnuclearização da Península da Coreia, uma solução pacífica e a estabilidade, afirmou hoje o cônsul geral no Rio de Janeiro, Li Yang.
"Duvido que eles vão à guerra", declarou o cônsul-geral chinês ao participar do seminário A China no Cenário Internacional, realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). "A China não permitir que ninguém faça guerra na sua fronteira", numa clara advertência aos EUA.
O jornal oficial chinês Global Times já avisou: se a Coreia do Norte atacar, a China fica neutra; se os EUA ou a Coreia do Sul agredirem, a China vai defender a Coreia do Norte.
Li lembrou que havia uma negociação em andamento depois da visita do presidente Bill Clinton e seu encontro com o fundador da Coreia do Norte, o Grande Líder Kim Il Sung, em 1994. Com a chegada de George W. Bush à Casa Branca, em 2001, a possibilidade de um acordo acabou.
"Estivemos perto em vários momentos. Quando chegamos perto, os EUA tomam medidas para reescalar", criticou o cônsul chinês.
Em artigo no jornal The Wall Street Journal no sábado passado, o ex-secretário de Estado Henry Kissinger, arquiteto da reaproximação EUA-China em 1971, argumentou que a solução pacífica da crise norte-coreana depende de uma convergência dos interesses estratégicos das duas grandes potências.
Ambas têm interesse na desnuclearização da Península Coreana para evitar uma corrida armamentista nuclear no Leste da Ásia, onde Japão, Coreia do Sul, Vietnã e outros países poderiam desenvolver armas atômicas.
"Se esse foco de conflito desaparecer, não haverá mais necessidade de tropas americanas na Península Coreana", comentou Li. Seria um elemento de barganha da China.
Kissinger teme que a desnuclearização leve ao colapso do regime norte-coreano. Ele entende que EUA e China precisam formular uma visão comum sobre o futuro da Coreia, se serão mantidos dois países ou a península será reunificada.
Outro ponto importante para a China é o desmantelamento do sistema de defesa antimísseis instalado na Coreia do Sul para proteger o país dos mísseis norte-coreanos. No futuro, pode ser usado contra a China em caso de conflito com os EUA.
Sobre a mobilização do Exército da Índia numa região da fronteira entre os dois países disputada desde a guerra civil de 1962, o consul insistiu que a China é a favor da solução pacífica de todos os conflitos. Mas fez uma advertência: "Se nossa terra for invadida ou ocupada, não teremos escolha."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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