sábado, 12 de agosto de 2017

China toma posição no conflito EUA-Coreia do Norte

Através de um de seus porta-vozes mais radicais, o jornal Global Times, o regime comunista da China anunciou sua posição no conflito entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte. Se a ditadura stalinista norte-coreana atacar, a China ficará neutra. Se os EUA ou a Coreia do Sul iniciarem a guerra, a China vai defender a Coreia do Norte.

Assim, uma ação unilateral, um ataque preventivo, vai colocar os EUA em conflito com a China. O regime comunista chinês não vai aceitar que os americanos imponham uma solução para um problema estratégico na sua fronteira.

Pelo mesmo motivo, para não ter uma Coreia unificada com tropas americanas na sua fronteira, a recém-criada República Popular da China entrou na Guerra da Coreia (1950-53), em setembro de 1950, e conseguiu seu objetivo estratégico de empurrar as forças lideradas pelos EUA para o sul do paralelo 38º Norte.

A China é o país-chave para uma solução pacífica da questão norte-coreana. Em artigo no jornal The Wall Street Journal, o ex-secretário de Estado Henry Kissinger, arquiteto da reaproximação dos dois países em 1971, afirmou que uma saída diplomática depende de uma fusão dos objetivos da China e dos EUA num "consenso operacional".

Há mais de 20 anos, os EUA relutam em usar a força, mas não conseguem impedir a Coreia do Norte de fabricar bombas atômicas. Em 1994, no governo Bill Clinton, o Departamento de Estado estimou em 1 milhão o total de mortos numa nova guerra da Coreia. Agora, o secretário da Defesa, James Mattis, descreveu a possibilidade de guerra na Península Coreana como "catastrófica".

No fim do governo Clinton, Washington e Pionguiangue estiveram perto de um acordo de paz para acabar com a primeira Guerra da Coreia, declarou ao jornal The New York Times um diplomata americano envolvido nas negociações.

A denúncia a um "eixo do mal" formado por Irã, Iraque e Coreia do Norte, feita no Discurso sobre o Estado da União do presidente George W. Bush, em 29 de janeiro de 2002, acabou com a negociação.

Ao atacar o Iraque de Saddam Hussein, que não tinha armas de destruição em massa, a Coreia do Norte e o Irã aceleraram seus programas nucleares. Com a queda, em 2011, do ditador Muamar Kadafi, na Líbia, que abrira mão de seu programa nuclear, o novo ditador norte-coreano, Kim Jong Un, decidiu fazer armas atômicas como garantia de sobrevivência do regime.

Como uma guerra com os EUA, nuclear ou não, seria o fim do regime, a esperança de paz está na racionalidade do terceiro Kim a governar a República Popular Democrática da Coreia desde sua fundação, em 1948.

O país mais afetado além das duas Coreias seria a China, que tem interesse direto no desarmamento nuclear da Coreia do Norte para evitar uma onda de proliferação no Leste da Ásia, onde Japão, Coreia do Sul e o Vietnã podem entender que sua defesa depende de armas atômicas.

A ditadura norte-coreana investiu tanto no programa nuclear, enquanto seu povo vive na miséria e na fome, que abandonar ou cortar substancialmente o investimento em armas atômicas pode gerar a queda do regime stalinista de Pionguiangue.

Por temor de colapso do regime, a China mantém o status quo. É responsável por 85% do comércio exterior norte-coreano. O governo de Beijim teme tanto o caos e a desintegração da Coreia do Norte, e seu impacto sobre a crise social chinesa, quanto a segurança da fronteira nordeste.

Deste modo, a China tem interesse não apenas na desnuclearização da Coreia do Norte, mas no futuro do país. O regime comunista vai cair? Como será a reunificação com a Coreia do Sul? Em que termos? As tropas dos EUA, hoje 28 mil, ficam?

Sem um acordo entre China e EUA, não haverá desnuclearização da Coreia do Norte, advertiu Kissinger, acrescentando que a Coreia do Sul e o Japão também precisam participar do processo.

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