Com a hiperinflação e a escassez de papel-moeda, a Superintendência das Instituições do Setor Bancário (Sudeban) anunciou no sábado a proibição de que as lojas da Venezuela deem dinheiro aos consumidores. O objetivo é combater uma suposta fuga de dinheiro rumo à fronteira da Colômbia, onde o contrabando é intenso já que falta quase tudo na Venezuela por causa da depressão econômica.
Em vez de admitir que a falta de notas é resultado da hiperinflação, que deve chegar a 1.200% em 2017, o regime chavista alega que 30% do dinheiro saem do país através da fronteira coma Colômbia.
Mais de 300 mil venezuelanos cruzaram a fronteira com a Colômbia nos últimos meses para escapar da crise. O ditador Nicolás Maduro insiste nas políticas fracassadas de expropriações e controles de câmbio e de preços que causaram um desabastecimento sem precedentes.
Desde a morte de Hugo Chávez, em 2013, o produto interno bruto venezuelano perdeu 40% e a renda média por pessoa caiu pela metade, neutralizando os ganhos sociais e revertendo a redução da pobreza. Hoje, mais de 80% dos venezuelanos são pobres e o desabastecimento é generalizado.
Sem diálogo com a oposição, libertação dos 676 presos políticos e reformas econômicas liberalizantes, a Venezuela não vai sair do buraco em que se meteu com o "socialismo do século 21" pregado por Chávez. Mas nada indica que o regime esteja disposto a ceder.
A convocação por Maduro de uma Assembleia Nacional Constituinte para usurpar os poderes da Assembleia Nacional eleita democraticamente em 6 de dezembro de 2015 consolida a ditadura. A Constituinte de Maduro tem plenos poderes e se deu dois anos de prazo para concluir o trabalho.
Os manifestantes que protestam diariamente desde o início de abril ficaram atônitos com a facilidade com que os constituintes tomaram o lugar dos deputados eleitos de acordo com a Constituição, que exige um plebiscito para convocar uma Constituinte.
Por isso, a oposição nega legitimidade à Constituinte. A Venezuela tem hoje instituições paralelas disputando o poder.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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