Um dos jornalistas presos há mais tempo no mundo, Muhammad Bekjanov, foi solto no mês passado depois de ficar 18 anos na cadeia na ex-república soviética do Usbequistão, informou a organização não governamental de defesa da liberdade de imprensa Repórteres sem Fronteiras (RsF).
Bekjanov tem hoje 62 anos. Ele foi torturado repetidamente depois da prisão, em 1999, e deveria ter sido libertado em 2012, quando sua pena foi ampliada. Durante um ano, não poderá sair do país.
Como editor do Erk, o principal jornal de oposição usbeque, Bekjanov colocou em discussão temas considerados tabus como a situação da economia, o uso de trabalhos forçados na lavoura de algodão e a catástrofe ecológica do Mar Aral. Seu irmão, o poeta Muhammad Salikh, foi o único adversário do presidente Islam Karimov em 1991.
Karimov, no poder desde a era soviética, aproveitou uma série de ataques a bomba para calar a oposição, acusando-a de cumplicidade. Bekjanov e outros ativistas pela democracia foram presos e condenados. Ele pegou 15 anos de cadeia.
Dias antes da data em que deveria ser solto, a pena foi arbitrariamente aumentada em quatro anos e oito meses.
Em 2016, o Usbequistão ficou em 166º lugar entre 180 países no Índice de Liberdade de Imprensa dos RsF. Com a morte de Karimov, em agosto de 2016, alguns presos políticos foram soltos, mas ainda há jornalistas, ativistas dos direitos humanos, oposicionistas e líderes da sociedade civil presos injustamente.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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