Em depoimento no Congresso, o diretor-geral do FBI (Federal Bureau of Investigation), a polícia federal dos Estados Unidos, confirmou que está em curso uma investigação sobre tentativas da Rússia de interferir nas eleições americanas e os contatos da campanha do presidente Donald Trump com o Kremlin.
"O Departamento da Justiça me autorizou a divulgar que em nossa missão de inteligência está investigando a interferência da Rússia na eleição presidencial de 2016", afirmou James Comey diante da Comissão de Inteligência da Câmara. "Isto inclui a investigação da natureza de quaisquer ligações entre indivíduos associados à campanha de Trump e o governo russo, e se houve qualquer coordenação entre a campanha e os esforços da Rússia."
Tanto o diretor-geral do FBI quanto o da Agência de Segurança Nacional (NSA), Michael Rogers, negaram haver qualquer indício de que a Trump Tower, sede das empresas do atual presidente, tenha sido alvo de escuta telefônica clandestina ordenada pelo então presidente Barack Obama durante a campanha eleitoral. Trump acusou Obama no Twitter semanas atrás.
Enquanto eles falavam, Trump voltou ao Twitter para dizer exatamente o contrário: "A NSA e o FBI disseram ao Congresso que a Rússia não influenciou o processo eleitoral." Nada mais distante da realidade.
Desde o início da campanha, em suas críticas à política externa de Obama e à sua primeira secretária de Estado, Hillary Clinton, Trump criticou as relações com a Rússia, prometendo melhorá-las em seu governo. Isso estimulou o protoditador russo, Vladimir Putin, que faz campanha e guerra cibernética contra a democracia ocidental, uma ameaça a seu autoritarismo.
"Putin odeia tanto Hillary Clinton", comentou o diretor-geral do FBI, que começou a interferir na campanha para minar a candidata democrata. O homem-forte do Kremlin atribui a Hillary e aos EUA as manifestações de protestos contra os resultados das eleições parlamentares de 2011 na Rússia.
Depois das revoltas da Primavera Árabe, Putin temia ser o próximo alvo do movimento pela democracia. A partir daquela época, iniciou uma guerrinha fria contra o Ocidente e trabalha ativamente para sabotar os processos eleitorais e apoiar candidatos de ultradireita contrários, por exemplo, à União Europeia. Bancos russos emprestaram 8 milhões de euros à neofascista Frente Nacional, da França, liderada por Marine Le Pen.
A Rússia não acreditava na vitória de Trump, observou Comey. Sua prioridade era derrubar Hillary. Mas Trump adotou um discurso sedutor para os ouvidos do Kremlin, com críticas à UE e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), chamando a primeira de uma conspiração alemã para dominar a Europa e a segunda de obsoleta.
O ex-assessor de Segurança Nacional Michael Flynn caiu por haver mentido ao vice-presidente Mike Pence sobre encontros com o embaixador russo em Washington antes da eleição. Flynn negou haver falado sobre as sanções contra a intervenção militar russa na Ucrânia, mas a conversa estava sendo gravada pelos serviços de inteligência e ele foi desmentido. Trump alegou deslealdade para demiti-lo.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário