Mais uma vez um terrorista morto parece mais um criminoso comum do que um ideólogo ou fanático religioso. Quando atacou ontem uma militar e foi morto no Aeroporto de Orly, perto de Paris, Ziyed Ben Belgacem, um francês de origem árabe de 39 anos havia consumido bebidas alcoólicas, cocaína e maconha, revelou hoje à noite o jornal francês Le Monde.
Ziyed tinha condenações por assalto a mão armada e tráfico de drogas. Na prisão, em 2011 e 2012, tornou-se um extremista muçulmano. Quando a França entrou em estado de emergência, depois dos atentados terroristas de 13 de novembro de 2015, chegou a ser procurado pelas forças de segurança.
Em seu sangue, os legistas encontraram sinais da presença de álcool e estupefacientes. Ao tentar tomar a arma de uma soldada que patrulha o aeroporto, Ziyed gritou estar disposto "a morrer por Alá". O procurador da República em Paris, François Molins, o descreveu como "um indivíduo extremamente violento", um terrorista disposto a matar e a "ir até o fim".
Pouco antes das sete da manhã de sábado, Belgacem furou uma barreira policial no bairro de Garges-lès-Gonesse, onde morava, em Val-d'Oise, ferindo um agente. Depois, parou num bar, onde esqueceu o telefone celular. Em seguida, roubou um carro e rumou para o aeroporto.
"Em uma hora e meia, ele fugiu num processo cada vez mais destrutivo", acrescentou o procurador de Paris.
O terrorista chegou ao Terminal Sul do Aeroporto de Orly logo depois das oito da manhã. Depois de deixar no chão uma bolsa com um cantil cheio de combustível, às 8h22 (4h22 em Brasília), ele ataca uma mulher de uma patrulha de quatro militares da Operação Sentinela, deflagrada para combater o terrorismo.
Além de tomar a arma, Belgacem deu uma gravata na soldada tentando usá-la como escudo humano para se proteger e disse: "Baixem as armas e ponham as mãos na cabeça! Estou aqui para morrer por Alá. De qualquer maneira, vai haver mortos."
No terceiro tiro, Belgacem morreu, afirmou o procurador. Com ele, os investigadores encontraram uma pistola de cinco cartuchos, 750 euros em dinheiro, uma cópia do Corão, o livro sagrado dos muçulmanos, um isqueiro e um maço de cigarros.
O pai, o irmão e um primo de Ziyed foram presos no sábado e liberados no domingo. Depois de furar a barreira policial, ele telefonou para o pai e o irmão contando haver "feito uma besteira".
Ao ser solto hoje de manhã, o pai declarou: "Meu filho nunca foi terrorista. Nunca foi de rezar e bebia. Sob o efeito do álcool e da maconha, vejam onde chegou."
Um dos objetivos da investigação é descobrir se ele agiu sozinho ou estava ligado a alguma célula terrorista. O alvo e o discurso "correspondem às palavras de ordem usadas pelas organizações terroristas jihadistas", observou Molins.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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2 comentários:
Só faltava essa, um terrorista vida louca.
Quase todos os terroristas que atacaram Paris desde o atentado contra o jornal Charlie Hebdo tinham passagens pela prisão por pequenos furtos e roubos, consumo e tráfico de drogas. Viraram radicais na prisão, por isso meu texto questiona se são fanáticos religiosos ou delinquentes comuns que aderiram os islamismo jihadista para justificar sua vida violenta e selvagem. Esta é a realidade. O potencial de recrutamento dos grupos terroristas depende da quantidade de marginais disponíveis para entrar na luta.
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