No aniversário de 40 anos do golpe que derrubou o presidente socialista Salvador Allende e levou o ditador Augusto Pinochet ao poder, o presidente Sebastián Piñera pediu desculpas ao povo do Chile e defendeu a reconciliação nacional. Mas a memória do golpe está viva na eleição presidencial de 17 de novembro.
Piñera, o homem mais rico do Chile, foi o primeiro presidente de direita a chegar democraticamente ao Palácio de La Moneda, bombardeado em 11 de setembro de 1973, desde 1958.
Sua sucessão está sendo disputada pela ex-presidente socialista Michelle Bachelet, representando a Nova Maioria, a coligação que derrotou Pinochet num plebiscito em 1988, abrindo o caminho para o fim do regime militar. O pai, general-brigadeiro Alberto Bachelet, foi preso, acusado de traição e morto pela ditadura.
A maior adversária será Evelyn Matthei, filha do general-brigadeiro Fernando Matthei, que foi ministro da Saúde, comandante da Força Aérea, membro da junta militar e suspeito da morte do general Bachelet. Evelyn, que tinha 19 anos no dia do golpe, alega não ter nenhuma responsabilidade pelo que aconteceu naquela época. As pesquisas indicam a vitória da ex-presidente.
Se nenhum candidato obtiver maioria absoluta, haverá um segundo turno entre os dois mais votados em 15 de dezembro. A eleição presidencial em dois turnos foi adotada em quase toda a América Latina tendo em vista o golpe militar no Chile.
Allende foi eleito em 1970 com apenas 35% dos votos. Sem maioria no Congresso e com forte oposição das classes dominantes, seu governo teve poucas chances de sucesso. Pelo menos 3.105 pessoas foram mortas e centenas de milhares torturadas pela ditadura militar chilena, que acabou em março de 1990, com a posse do democrata-cristão Patricio Aylwin.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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