Uma semana depois de uma renúncia coletiva do Estado-Maior em protesto contra o governo islamita moderado, o general Necdet Ozel foi nomeado ontem novo comandante das Forças Armadas da Turquia, as maiores da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) depois dos Estados Unidos.
Ozel, de 61 anos, era chefe da Polícia Militar. É considerado apolítico e secularista, portanto aceitável tanto pelo governo quanto pela cúpula militar.
O novo comandante do Exército será o general Hayri Kivrikoglu. Para chefiar a Marinha, o escolhido foi o almirante Emin Murat Bilgel. A Aeronáutica fica sob o comando do brigadeiro Mehmet Erten. O general Bekir Kalyoncu será o novo chefe da PM.
Vários generais foram caroneados, entre eles Aslan Guner. Em duas ocasiões, Guner se negou a cumprimentar a mulher do presidente Abdullah Gul porque ela estava usando o véu islâmico. Vai dirigir a Academia Militar até passar para a reserva daqui a um ano.
O brigadeiro Bilgin Balanli, que chefiava a Academia Militar, era cotado para o comando da Força Aérea. Preso no fim de maio sob a acusação de conspirar contra o governo islamita moderado do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, Balanli está sendo processado junto com outros 250 oficiais.
Desde 1960, os militares turcos deram três golpes de Estado e obrigaram um governo islamita moderado a renunciar, em 1997. As Forças Armadas se consideram guardiãs do kemalismo, a doutrina que prega um Estado laico, com separação entre política e religião, criada pelo fundador da República da Turquia, Mustafá Kemal Ataturk (Pai dos Turcos).
As negociações para adesão à União Europeia, que duram mais de 15 anos, obrigaram a Turquia a fortalecer o Estado de Direito, afastando os militares da política, que eles tradicionalmente dominavam como tutores da nação, em nome do kemalismo. Esse tempo passou.
Ontem, o primeiro-ministro foi até o túmulo de Ataturk manifestar seu compromisso com o kemalismo, mas se livrou de vários generais que se consideravam seus fiadores.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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