O senador Barack Obama está fazendo neste momento o discurso da vitória como novo presidente dos Estados Unidos, em Chicago, no estado de Illinois, que representa no Senado. É um momento histórico.
"Alô, Chicago!", declarou Obama. "Se alguém tinha dúvida de que os EUA são um lugar onde tudo pode acontecer, que o sonho dos nossos fundadores está vivo, da força de nossa democracia, aqui está a resposta."
Obama disse que sua eleição foi resultado de um movimento que se espalhou por praças e ruas, escolas e igrejas, atraindo jovens e velhos, brancos, negros, latinos, asiáticos, gays e heterossexuais, pessoas sadias e com deficiência numa grande corrente para mudar os EUA.
"Foi um longo caminho", acrescentou o novo presidente americano. "Neste momento de definição, a mudança chegou aos EUA. Há pouco, recebi um telefonema elegante do senador John McCain me cumprimentando pela vitória. Ele fez sacrifícios por este país que mal podemos imaginar".
Também elogiou a candidata a vice-presidente na chapa republicana, governadora Sarah Palin: "Pretendo trabalhar com eles para recuperar este país".
Em seguida, agradeceu o apoio de seu companheiro de chapa, o vice-presidente eleito, Joe Biden, "que me acompanhou nesta jornada". Biden será seu principal conselheiro na tarefa de governar.
Ao escolher Biden, Obama admitiu implicitamente sua falta de experiência administrativa e em política externa, uma das principais críticas que sofreu tanto de McCain quanto da senadora Hillary Clinton, quando eles disputavam a candidatura do Partido Democrata.
O maior agradecimento foi para "minha maior amiga nesses últimos 16 anos, a base da minha família e o amor da minha vida, a minha mulher, Michelle Obama" e às filhas Sasha e Malia: "Amo vocês duas mais do que vocês possam imaginar, e vocês vão ganhar um novo cachorrinho para levar para a Casa Branca."
Esse tom suave, coloquial e familiar foi uma das marcas do discurso de Obama durante quase dois anos de campanha, um tom sereno e seguro de quem não perde o controle diante da adversidade.
Ele ainda lembrou a avó materna, que ajudou a criá-lo. Ela morreu às vésperas da eleição. "Minha avó está assistindo. Sinto falta da família que me criou esta noite. Obrigado por toda a ajuda que me deu".
Obama cumprimentou o estrategista-chefe, David Axelrod, e "a melhor equipe jamais formada e a melhor campanha da História da Política".
"Mas esta vitória pertence a vocês", prosseguiu. "Foi construída por homens e mulheres que trabalharam sem parar, por jovens que rejeitaram a apatia política associada à sua geração e a não tão jovens, a milhões de organizadores que provaram: mais de 200 anos depois da fundação dos EUA ainda é possível um governo do povo, pelo povo e para o povo. Esta é a sua vitória."
De volta aos desafios concretos que o esperam a partir de 20 de janeiro, Obama lembrou que os EUA estão em guerra no Iraque e no Afeganistão, enfrentam a pior crise econômica em 70 anos. Alguns se acordam sem saber se os filhos estão vivos nas frentes de batalha, enquanto outros não dormem por causa das prestações da casa, as despesas médicas ou o custo da universidade.
"A estrada será longa", admitiu o presidente eleito. "A subida será íngreme. Talvez não se chegue lá em um ano nem em um mandato. Mas nós, como povo, vamos chegar lá, com um novo espírito de serviço e sacrifício, com patriotismo e responsabilidade, cuidando uns dos outros. Não pode haver sucesso em Wall Street sem sucesso na Main Street [rua principal, referência aos centros de comércio]. Subimos ou caímos juntos."
Num gesto para se aproximar da futura oposição, Obama recordou que Chicago deu o primeiro presidente eleito pelo Partido Republicano, Abraham Lincoln, o presidente da Guerra da Secessão (1961-65), que enfrentou os estados escravagistas do Sul para manter a União.
"Lincoln chegou a Washington com uma mensagem de liberdade individual e unidade nacional", afirmou. "Como Lincoln disse, numa situação muito pior do que essa, não somos inimigos. Somos amigos. Vocês podem não ter votado em mim hoje, mas eu ouvi suas vozes."
Para o resto do mundo, falou no "amanhecer de uma nova liderança americana", prometendo derrotar os inimigos e apoiar quem quiser paz e segurança.
"Nossa verdadeira força, nosso poder duradouro vêm dos nossos ideais: liberdade, democracia e uma esperança sem limites", argumentou Obama, citando uma velhinha afro-americana, Ann Nixon-Cooper, de 106 anos, que passou por momentos de dureza e humiliação: "Ela sabe como os EUA mudaram".
E concluiu: "Esta é nossa hora. Este é nosso tempo de levar as pessoas de volta ao trabalho, de recriar o sonho americano", conclamou o presidente. "Quando nos defrontamos com o cinismo, nós dizemos: sim, nós podemos", o lema de sua campanha.
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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