Um grupo descontente com o novo presidente do Congresso Nacional Africano, o ex-vice-presidente Jacob Zuma, afastado do cargo por corrupção, decidiu romper com o partido que liderou a luta histórica contra o regime segregacionista branco do apartheid para criar um novo partido e disputar as eleições do próximo ano na África do Sul.
O novo partido ainda não tem nome. Será lançado oficialmente em 16 de dezembro no Estado Livre de Orange.
É a maior mudança na política sul-africana desde o fim do controle do poder pela minoria branca, em 1994. Zuma chamou os adversários políticos de "cobras" e os acusou de planejarem se aliar à Aliança Democrática, de oposição, nas eleições de 2009.
O chefe de governo provincial Mbahazima Shilowa, um dos líderes da dissidência, afirmou que o novo partido quer ganhar as eleições e "governar províncias e a nação".
Desde que Nelson Mandela liderou a instalação de um regime democrático da maioria negra, o CNA detém o monopólio do poder. Zuma, que já foi processado por abuso sexual e se livrou há pouco de um julgamento por corrupção graças a erros processuais, é considerado indigno para seguir os ideais de Mandela.
Em dezembro do ano passado, Zuma derrotou o ex-presidente Thabo Mbeki na eleição interna para a liderança do partido. Quando os processos de corrupção contra ele foram anulados por interferência indevida do Executivo, Zuma forçou a renúncia de Mbeki, que cometeu diversos erros e acabou se isolando, mas é visto como o herdeiro de Mandela, de quem foi vice-presidente.
Para o arcebispo Desmond Tutu, ganhador do Prêmio Nobel da Paz 1984 por sua luta contra o apartheid, a renúncia forçada de Mbeki, em 20 de setembro, transformou a África do Sul numa república de bananas em que o partido muda o presidente, confundindo o partido com a nação.
O ex-ministro da Defesa Mosiuoa Lekota, outro dissidente importante, observou que o CNA está inferindo com as instituições do Estado sul-africano e enriquecendo seus líderes como faziam os governos da minoria branca: "A ameaça que paira sobre a nação é vermos a reafirmação de elementos importantes daquele legado terrível sob nossos novos senhores. Estamos prontos para nos levantar e lutar."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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