Diversos países em desenvolvimento liderados pela China entraram em choque com os países ricos no sábado, 8 de dezembro, na conferência internacional sobre mudança do clima das Nações Unidas, que vai até o dia 14 em Báli, na Indonésia. Eles resistem às pressões para adotar metas rígidas de cortes de emissões dos gases que causam o aquecimento da Terra.
Embora esteja prestes a ultrapassar os Estados Unidos como maior poluidor mundial, argumenta que está emitindo gases carbônicos há poucas décadas, enquanto os países ocidentais fazem isso há séculos, e que suas emissões por pessoa ainda são um sexta das americanas.
"A China está em processo de industrialização. Precisa do crescimento econômico para atender às necessidades básicas de seu povo e lutar contra a pobreza", declarou Su Wei, especialista em clima da delegação chinesa em Báli.
"É justo pedir a países em desenvolvimento como a China para adotar metas obrigatórias?", questionou Su. "Penso que há muito mais condições para os EUA pensarem se é possível mudar seu estilo de vida e seus padrões de consumo a fim de contribuir para a proteção do clima global."
Os delegados de cerca de 190 países da ONU devem lançar as negociações sobre um novo acordo internacional que substitua o Protoloco de Quioto, que expira em 2012. Devem acertar uma agenda, os temas e um prazo para chegar a um acordo.
Pelo Protocolo de Quioto, os países desenvolvidos se comprometiam a reduzir suas emissões em 5% em relação aos níveis de 1990. Os EUA nunca aderiram, sob a alegação de que prejudicaria sua economia na concorrência com países emergentes como a China.
Para o presidente da conferência, o ministro do Meio Ambiente da Indonésia, Rachmat Witoelar, "não há impasse": "Acredito que 85% das pessoas na sala vão na mesma direção".
Mas a Rede de Ação sobre o Clima, do Canadá, uma coalizão de grupos ecológicos canadenses, denunciou que os delegados de seu país estão pressionando os países mais pobres a aceitar as mesmas metas de corte de emissões dos ricos.
"O Protocolo de Quioto se baseia no reconhecimento de que os países industrializados são amplamente responsáveis pelo problema da mudança do clima, e devem tomar a iniciativa para combatê-la, comentou Steven Guilbeault, do grupo ambientalista Equiterre. "O Canadá está tentando reescrever a história ao colocar o peso da redução de emissões nos países pobres."
Este é o blog do jornalista Nelson Franco Jobim, Mestre em Relações Internacionais pela London School of Economics, ex-correspondente do Jornal do Brasil em Londres, ex-editor internacional do Jornal da Globo e da TV Brasil, ex-professor de jornalismo e de relações internacionais na UniverCidade, no Rio de Janeiro. Todos os comentários, críticas e sugestões são bem-vindos, mas não serão publicadas mensagens discriminatórias, racistas, sexistas ou com ofensas pessoais.
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