sábado, 21 de dezembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 21 de Dezembro

 DESCOBERTA DO RÁDIO

    Em 1898, depois de descobrir o elemento químico polônio, os futuros ganhadores do Prêmio Nobel de Física de 1903 com Henri Becquerel, o casal Pierre e Marie Curie, descobrem o rádio, um metal radioativo e prateado usado no tratamento de câncer.

Maria Salomea Sklodowska nasce em Varsóvia, na Polônia, então parte do Império Russo, em 7 de novembro de 1867. Aos 24 anos, em 1891, ela segue a irrmã mais velha, Bronislawa, e vai estudar na Universidade de Paris, onde se forma em física e química.

Na França, ela passa a ser chamada de Marie. Em 1894, quando obtém o segundo diploma, ela conhece Pierre Curie, instrutor da Escola Superior de Física e Química Industriais de Paris, apresentado pelo físico polonês Józef Kowalski, que sabia que Marie estava procurando um espaço maior para seu laboratório. Pierre lhe ofereceu o espaço.

A paixão pela ciência aproxima os dois. Pierre Curie a pede em casamento. Marie recusa. Pensa em voltar para a Polônia. De volta a Varsóvia, ela percebe que não pode fazer carreira em seu país, onde tem o acesso à universidade negado por ser mulher.

Por carta, Pierre Curie a convence a voltar para Paris para fazer um doutorado. Eles se casam em 26 de julho de 1895 sem cerimônia religiosa. Uma piada na época era que Marie era "a grande descoberta de Pierre".

No mesmo ano, Wilhelm Roentgen descobre os raios-X, mas não o fenômeno que os causa. Em 1896, Henri Becquerel percebe que o urânio emite raios semelhantes aos raios-X. Ela decide investigar o fenômeno para sua tese.

Marie Curie levanta a hipótese de que a radiação não seja resultado da interação entre moléculas, venha do próprio átomo. 

Entre suas realizações, estão a teoria da radioatividade, palavra que ela cria, técnicas para isolar isótopos radioativos e a descoberta de dois elementos químicos, o polônio e o rádio.

Ela é a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel e a primeira professora da Universidade de Paris. É também a primeira pessoa a ganhar duas vezes o Nobel. Ganha o prêmio de Química em 2011.

DE GAULLE ELEITO PRESIDENTE

    Em 1958, três meses depois da aprovação da uma nova Constituição da França, o general Charles de Gaulle, chefe de governo no exílio em Londres durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), é eleito presidente por ampla maioria em meio à Guerra da Independência da Argélia (1954-62).

Charles André Joseph Marie de Gaulle nasce em 22 de novembro de 1890 em Lille, no Norte da França. Veterano da Primeira Guerra Mundial (1914-18), De Gaulle foge da França para a Inglaterra depois que o primeiro-ministro Henri Pétain assina um armistício com a Alemanha Nazista, em junho 1940.

Em Londres, como líder da França Livre, organiza forças francesas das colônias africanas para lutar ao lado dos aliados. Em 1944, é nomeado chefe de governo no exílio. Com a libertação de Paris, em 25 de agosto daquele ano, ele entra em triunfo na cidade no dia seguinte.

Sua eleição marca o início da 5ª República na França. No poder, De Gaulle dá independência à Argélia em 1962.

Em maio de 1968, estoura a Revolução dos Estudantes. De Gaulle chega a sair da França. Quando volta, convoca um referendo sobre uma reforma constitucional, em 1969, e perde. Em 28 de abril daquele ano, renuncia. Morre em 9 de novembro de 1970.

Até hoje, os partidos conservadores da direita francesa são considerados herdeiros do gaullismo. 

EMIRADOS ÁRABES UNIDOS

    Em 1971, nascem os Emirados Árabes Unidos (EAU), com a união de seis principados ricos em petróleo (Abu Dhabi, Ajman, Dubai, Fujairah, Sharjah e Umm al-Cuwain) aos quais logo se junta o sétimo (Ras al-Khaimah) formando um pequeno país com grande peso na economia mundial.

O Império Britânico assume o controle da região por volta de 1820 de forma a garantir a segurança a caminho da Índia, a maior "joia" da coroa. Com a independência da Índia e do Paquistão, em 1947, Londres perde gradualmente o interesse sobre as colônias a Leste de Suez.

TERROR EM LOCKERBIE

   Em 1988, um Boeing 747 que faz o voo 103 (Londres-Nova York) da companhia aérea norte-americana PanAm explode no ar a 10 mil metros de altitude sobre a cidade de Lockerbie, na Escócia, num atentado terrorista, matando todas as 259 pessoas a bordo e 11 no solo.

A bomba é acionada por um gravador de fita cassete, que teria sido colocado a bordo em Frankfurt, na Alemanha, e transferido no voo para Nova York.

O atentado é visto inicialmente como uma possível vingança da República Islâmica do Irã pelo abate de um Airbus com 290 pessoas a bordo no fim da Guerra Irã-Iraque (1980-88).

Outra hipótese é uma retaliação por um bombardeio dos Estados Unidos à Líbia em 14 e 15 de abril de 1986 em que morre uma filha do ditador Muamar Kadafi.

Em 1991, quando os EUA e 30 aliados entram em guerra com o Iraque por causa da invasão do Kuwait em 2 de agosto de 1990 e Washington quer a neutralidade do Irã, uma investigação britânico-norte-americana indicia dois agentes líbios, Abdel Basset al-Megrahi e Lamen Khalifa Fhimah.

A Líbia se nega a entregar os suspeitos. Em 1999, sob pressão de sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, Kadafi concorda em entregar os dois suspeitos para julgamento na Holanda com base na lei da Escócia.

Em 2001, Megrahi é condenado à prisão perpétua e Fhimah é absolvido. A Líbia assume a responsabilidade pelo atentado em 2003, quando se aproximava do Ocidente em meio à Guerra contra o Terror deflagrada pelo presidente George Walker Bush depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 contra os EUA.

Dois anos depois, a Líbia assume a responsabilidade e concorda em pagar US$ 8 milhões à família de cada vítima. A PanAm, que fale três anos após o atentado, recebe uma indenização de US$ 30 milhões.

Em dezembro de 2022, os EUA anunciam a prisão de um terceiro suspeito líbio, Abu Agila Mohammad Massud.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 20 de Dezembro

INÍCIO DA SECESSÃO

    Em 1860, depois da eleição de Abraham Lincoln para a Presidência dos Estados Unidas, a Carolina do Sul é o primeiro estado do Sul a se separar da União por causa das ideias abolicionistas do novo presidente.

Antes do início da Guerra da Secessão (1861-65), outros cinco estados do Sul com grande produção de algodão com mão de obra escrava, Alabama, Flórida, Geórgia, Louisiana e Mississípi, se afastam da União em janeiro de 1861 e o Texas em 1º de fevereiro, formando os Estados Confederados da América antes da posse de Lincoln. O Arkansas, a Carolina do Norte, o Tennessee e a Virgínia aderem pouco depois do início da guerra. O Missouri e o Kentucky no fim de 1861.  

A Guerra da Secessão, travada por Lincoln contra os Estados Confederados da América (Sul) para manter a União, começa começa em 12 de abril de 1861, quando as forças do Sul atacam o Forte Sumter, em Charleston, na Carolina do Sul. Vai até 9 de abril de 1865, quando o comandante militar da Confederação (Sul), general Robert Lee, se rende ao comandante militar da União, general Ulysses Grant, depois da derrota na Batalha de Appomattox. 

Em 1º de janeiro de 1863, no meio da guerra, Lincoln faz a Declaração da Emancipação, um decreto com o objetivo de estimular os escravos a fugir do Sul e aderir às forças do Norte. Mais de 200 mil negros se alistam para lutar pelo Exército e a Marinha da União. São mais de 10% das forças federais.

A 13ª Emenda à Constituição dos EUA, abolindo a escravidão, é aprovada em novembro de 1864 pelo Senado e em 31 de janeiro de 1865 na Câmara de Representantes. Entra em vigor em 6 de dezembro de 1865, depois de ser ratificada por três quartos dos estados, como prevê a carta magna dos EUA.

Com cerca de 620 mil mortes, a Guerra da Secessão é a pior guerra da história dos EUA.

ELVIS RECRUTADO 

    Em 1957, quando passava o Natal na recém-comprada mansão de Graceland, em Memphis, no Tennessee, Elvis Presley, o Rei do Rock, é convocado para servir o Exército dos Estados Unidos na Alemanha, onde fica um ano e meio.


Elvis Aaron Presley nasce em Tupelo, no Mississípi, em 8 de janeiro de 1935. Ele trabalha como motorista de caminhão. Aos 19 anos, entra num estúdio para gravar uma música para a mãe e o produtor se encanta com a voz e o talento.

O Rei do Rock começa a carreira na onda do rock and roll dos anos 1950. Seu rebolado é considerado sensual demais para o puritanismo norte-americano. As televisões só o enquadram da cintura para cima.

Mais tarde, John Lennon diz que "Elvis morreu quando serviu o Exército". 

Na volta da Alemanha, vira um ator de Hollywood. Faz filmes e canta músicas românticas. O álcool e drogas de farmácia causam uma morte precoce, em 16 de agosto de 1977, aos 42 anos.

INVASÃO DO PANAMÁ

    Em 1989, os Estados Unidos intervêm militarmente no Panamá para depor e prender o general, ditador e ex-agente da CIA (Agência Central de Inteligência) general Manuel Noriega sob a acusação de tráfico de drogas.

Noriega se refugia na Nunciatura Apostólica, a embaixada do Vaticano na Cidade do Panamá. Os soldados cercam a nunciatura com caixas de som poderosas e a bombardeiam com rock pesado a alto volume 24 horas por dia para não deixar ninguém dormir. O general se entrega em 3 de janeiro de 1990.

O general Cara de Abacaxi é sentenciado a 40 anos de prisão em abril de 1992. Cumpre 17 anos e é extraditado para a França, onde é condenado a 7 anos e meio de prisão por lavagem de dinheiro. Em 2011, a França o extradita para o Panamá, onde ele cumpre pena por crimes cometidos durante a ditadura.

Noriega morre de câncer no cérebro em 29 de maio de 2017.

FIM DO IMPÉRIO PORTUGUÊS

    Em 1999, doze anos depois de um acordo, Portugal devolve Macau à China, assim como o Reino Unido faz com Hong Kong dois anos antes. É o fim do imperialismo europeu na China e do Império Português, que começa com a conquista de Ceuta, no Marrocos, em 1415 e do qual o Brasil é um dos frutos.

A região administrativa especial de Macau fica no canto sudoeste do estuário do Rio das Pérolas, perto da cidade de Cantão (Guangzhou). Hong Kong fica do lado leste do estuário. É formada por uma península que se projeta da Província de Cantão (Guangdong) e as ilhas de Taipa e Coloane. As línguas oficiais são o cantonês e o português, mas a grande maioria fala também inglês.

Os portugueses se estabelecem em Macau em 1557 e vão ocupando gradualmente a região. Macau tem grande desenvolvimento no fim do século 16 e no início do século 17. Entra em decadência quando os ingleses tomam, no fim da Primeira Guerra do Ópio (1839-42), Hong Kong, que se torna o porto mais importante daquela região da China.

Mesmo assim, Macau constrói em 1865 o primeiro farol no Mar do Sul da China, o Farol da Guia. Só em 1887, no Tratado de Cooperação Sino-Português, a China reconhece oficialmente a soberania portuguesa sobre Macau. 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 19 de Dezembro

GUERRA DA INDOCHINA

    Em 1946, o Viet Minh, o movimento nacionalista de esquerda liderado por Ho Chi Minh, inicia a Primeira Guerra da Indochina (1946-54) na luta pela independência da França.

O Império Francês toma a Indochina e a torna um protetorado em 1883. Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45), o Império do Japão toma boa parte do Sudeste da Ásia. Quando o Japão se rende oficialmente, em 2 de setembro de 1945, Ho Chi Minh declara independência.

Como a França não aceita, o Viet Minh trava uma guerra de guerrilhas que termina com a vitória na Batalha de Dien Bien Phu, em 7 de maio de 1954. Um acordo de paz assinado em Genebra em 21 de julho de 1954 divide o Vietnã entre o Norte comunista e o Sul, apoiado pelos Estados Unidos.

Em 1955, haveria eleições para unificar o país. Diante da expectativa de vitória comunista, os EUA suspendem as eleições e começa a Segunda Guerra da Indochina ou Guerra do Vietnã (1955-75). Os EUA começam a enviar assessores militares ainda no governo Dwight Eisenhower (1953-61) e entram diretamente na guerra em 1964. Fazem um acordo de paz com o Vietnã do Norte e saem do conflito em 1973.

A guerra termina com a vitória do Vietnã do Norte, comunista, em 30 de abril de 1975.

PAZ NO ESPAÇO EXTERIOR

    Em 1966, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprova o Tratado do Espaço Sideral ou do Espaço Exterior, um acordo internacional para proibir a militarização do espaço.

Os Estados Unidos e a União Soviética, as duas superpotências que dominam o mundo durante a Guerra Fria, encaminham suas propostas, que são conciliadas no texto aprovado pela Assembleia Geral. 

O Tratado sobre os Princípios que Regem a Atividade dos Estados na Exploração e Uso do Espaço Exterior, inclusive na Lua e outros corpos celestes, é aberto para assinatura em 27 de janeiro de 1967. Entra em vigor em 10 de outubro do mesmo ano.

REINO UNIDO ACEITA DEVOLVER HONG KONG

    Em 1984, a primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, e o líder chinês Deng Xiaoping chegam a um acordo para que o Reino Unido devolva Hong Kong à China em 1º de julho de 1997.

No início das negociações, a primeira-ministra britânica chegou a falar em prorrogar o Tratado de Nanquim (1842) e a Convenção de Beijim (1860), pelos quais o Império Britânico tomou a colônia no fim das Guerras do Ópio (1839-42 e 1856-60) sob o pretexto da abrir a China ao livre comércio, inclusive de ópio.

Depois de 22 rodadas de negociações ao longo de dois anos, Thatcher aceita ceder a que era considerada a última joia do Império Britânico. Em troca, Deng cria a fórmula "um país com dois sistemas", prometendo manter o sistema capitalista e as liberdades democráticas em Hong Kong durante pelo menos 50 anos.

Thatcher está entusiasmada com as reformas lançadas por Deng em 13 de dezembro de 1978 na esperança de que a abertura econômica e a adesão da China ao capitalismo levem a uma liberalização do regime comunista chinês. Mas o massacre do movimento dos estudantes pela paz e a democracia na Praça da Paz Celestial, em Beijim, em 4 de junho, acaba com a chance de uma abertura política.

Diante de ondas de protestos no território, que tem status de região administrativa especial da República Popular da China, o ditador Xi Jinping, no poder desde 2012, impôs uma Lei de Segurança Nacional que na prática acaba com a autonomia de Hong Kong e enterra a fórmula "um país com dois sistemas", criada também tendo em vista a reintegração de Taiwan, que Xi ameaça fazer à força. 

quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 18 de Dezembro

 MAYFLOWER IN PLYMOUTH

    Em 1620, depois de longa e tempestuosa viagem, os peregrinos do Mayflower ancoram onde hoje fica Plymouth, no estado de Massachusetts, para fundar uma colônia no Novo Mundo.

A história começa em 1606, quando um grupo de protestantes reformistas decide criar sua própria igreja. Acusados de traição, eles fogem para a Holanda. Doze anos depois, recebem ajuda de mercadores britânicos para criar uma colônia na América.

Os 102 peregrinos do Mayflower zarpam em 6 de setembro de 1620 pensando em chegar à colônia da Virgínia, mas o mau tempo desvia o navio para o norte. O nome Peregrinos do Mayflower é dado por William Bradford, primeiro governador da nova colônia.

Em 11 de novembro, o Mayflower chega ao Cabo Cod. Antes de irem para a terra em busca de um porto seguro, 41 peregrinos assinam um documento se comprometendo a criar um governo por consenso e a cumprir as leis da nova colônia.

Era 10 de dezembro quando um grupo descobre uma enseada e volta ao Mayflower. Com o mau tempo, o navio só aporta no dia 18.

Durante um inverno brutal, 50 peregrinos morrem. O Mayflower volta para a Inglaterra em 5 de abril de 1621. Um ano depois da chegada, os peregrinos festejam sua sobrevivência no primeiro Dia Nacional de Ação de Graças.

FIM OFICIAL DA ESCRAVIDÃO NOS EUA

    Em 1865, com a ratificação por três quartos dos estados, como exige a Constituição dos Estados Unidos, entra em vigor a 13ª Emenda, determinando que "nem a escravidão nem a servidão involuntária deve existir nos EUA ou em qualquer lugar submetido a sua jurisdição."

Antes da Guerra da Secessão (1861-65), o presidente Abraham Lincoln e a ala abolicionista do Partido Republicano querem apenas evitar que a escravidão avance para os novos estados e territórios do Oeste. Isto é inaceitável para os estados do Sul.

Em novembro de 1860, quando Lincoln é eleito, sete estados do Sul formam os Estados Confederados da América para sair da União e manter a escravatura. A Guerra Civil começa em 12 abril de 1861, pouco mais de um mês depois da posse do novo presidente, em 4 de março.

A Proclamação de Emancipação, em 1º de janeiro de 1863, transforma a guerra para manter a União numa luta pela abolição da escravatura. Esta mudança desestimula a França e o Reino Unido a apoiar o Sul e permite ao Norte alistar 180 mil soldados negros para a guerra.

Dois terços do Senado aprovam a 13ª Emenda em abril de 1864, mas a Câmara, que tinha uma grande bancada democrata, só faz isso em janeiro de 1865, três meses antes da rendição do comandante militar da Confederação, general Robert Lee, em Appotomax, em 9 de abril.

Em 2 de dezembro, o Alabama torna-se o 27º estado a ratificar a emenda, precondição para voltar à União, completando os três quartos exigidos pela Constituição. No dia 18 de dezembro, 246 anos depois que o primeiro grupo de escravos chegou à colônia de Jamestown, na Virgínia, a 13ª Emenda entra em vigor.

FIM DA BATALHA DE VERDUN

    Em 1916, depois de 10 meses e 1 milhão de baixas, termina a Batalha de Verdun, a mais longa da Primeira Guerra Mundial (1914-18).

É uma das maiores batalhas da história e uma das mais arrasadoras da guerra. É um símbolo da resistência francesa e dos horrores da guerra industrial da era moderna, conhecida como o "moedor de carne de Verdun",

O combate começa em 21 de fevereiro, quando a Alemanha ataca o Exército da França em Verdun, na margem do Rio Meuse. O comandante militar alemão, general Erich von Falkenhayn, considera o Exército francês mais fraco do que o britânico e acredita que uma derrota levará os aliados a negociar a paz.

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 17 de Dezembro

 AVIÃO QUE NÃO DECOLA

    Em 1903, os irmãos Orville e Wilbur Wright realizam o primeiro voo de um aparelho mais pesado do que o ar, em Kitty Hawk, na Carolina do Norte, no que é considerado o primeiro voo de avião da história.

A diferença em relação ao 14 bis, criado pelo brasileiro Alberto Santos Dumont, que faz o primeiro voo em 23 de outubro de 1906, é que é o primeiro a decolar. O avião dos irmãos Wright é catapultado, fica 12 segundos no ar e percorre 36 metros.

AR PURO

    Em 1963, entra em vigor uma das primeiras leis ambientais dos Estados Unidos. A Lei do Ar Puro autoriza os governos federal e estaduais a pesquisar a regulamentar a poluição do ar.

A Lei de Controle da Poluição do Ar, de 1955, destina US$ 15 bilhões para estudar o impacto da contaminação do ar no país. Deixa evidente a necessidade de uma legislação mais específica para atacar o problema.

A lei de 1963 é emendada em 1967, 1970, 1977 e 1990. Na opinião da prestigiosa revista Scientific American, é um modelo da legislação necessária. Mas a supermaioria conservadora da Suprema Corte decide, em junho de 2022, que a Agência de Proteção Ambiental não tem autoridade para limitar as emissões de gases de efeito estufa dos estados com base em decretos. Isso só pode ser feito, de acordo com a decisão, por lei aprovada pelo Congresso.

Os ministros são a favor do estado da Virgínia Ocidental, grande produtor de carvão, o mais poluente dos combustíveis fósseis, dificultando a ação do governo federal para conter o aquecimento global.

PRIMAVERA ÁRABE

    Em 2010, o engenheiro desempregado Mohamed Bouazizi, que ganha a vida como camelô vendendo frutas e legumes, tem a mercadoria confiscada pelo fiscal Faida Hamdi e se autoimola em Sidi Bouzid, na Tunísia. Sua morte, em 4 de janeiro de 2011, deflagra a onda de protestos e revoluções conhecida como Primavera Árabe.

Depois do confisco, Bouazizi vai até a delegacia de polícia para tentar recuperar sua balança elétrica. Sem sucesso, tenta uma audiência com o governador regional. Quando não consegue, por volta de 11h30, joga combustível sobre a cabeça e a roupa, e toca fogo.

Ao saber a imolação, seu primo Ali Bouazizi vai até o local e filma Mohamed ao ser colocado numa ambulância e os protestos com a situação. Publica as imagens no Facebook e manda para a televisão árabe Al Jazira, que bota a reportagem no ar naquela noite.

No dia seguinte, uma onda de protestos se espalha pela Tunísia. Primeiro, o ditador Zine El Abidine Ben Ali manda reprimir as manifestações. Em 28 de dezembro, visita Bouazizi no hospital. O fiscal, que o teria esbofeteado, é preso.

Com a morte de Bouazizi, os protestos se intensificam. Dez dias mais tarde, em 14 de janeiro, depois de ficar 23 anos no poder, Ben Ali foge para a Arábia Saudita. A Primavera Árabe se espalha pelo Egito, o Bahrein, o Iêmen, a Líbia e a Síria. 

No Egito, a revolução começa em 25 de janeiro, com protestos contra a brutalidade policial, o estado de emergência em vigor há décadas, a falta de liberdade, a censura, a corrupção, o desemprego, a inflação e os baixos salários.

A Primavera Árabe é um produto da Grande Recessão (2008-9), a crise econômico-financeira deflagrada pela falência de banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008. A economia egípcia crescia em média 8% ao ano no início do século. O ditador Hosni Mubarak, no poder há quase 30 anos, cai em 11 de fevereiro.

Quatro dias depois, começa a guerra civil na Líbia, que não termina com a fuga do ditador Muamar Kadafi, em agosto, e sua morte, em 20 de outubro, em meio a uma intervenção militar internacional liderada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) com autorização do Conselho de Segurança das Nações Unidas. 

A Líbia está até hoje em guerra civil, assim como o Iêmen. Na Síria, onde cerca de 618 mil pessoas foram mortas, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, uma organização não governamental ligada à oposição, a guerra civil parece ter terminado com a queda do ditador Bachar Assad em 8 de dezembro de 2024.

Só na Tunísia a Primavera Árabe levou a uma democratização do país, mas o autoritarismo está de volta com a eleição em 2019 do presidente Kais Saied. Em 25 de julho de 2021, ele demite o primeiro-ministro, fecha o Parlamento e acaba com a imunidade parlamentar.

MORRE O QUERIDO LÍDER    

    Em 2011, o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong Il, morre do coração quando viaja pelo interior do país e é sucedido pelo filho Kim Jong Un, depois de suceder o pai, o Grande Líder Kim Il Sung, fundador do país e de um comunismo dinástico.

Kim Jong Il nasce em 1941 numa base militar soviética em Khabarovsk, na Rússia, onde seu pai articula a resistência contra o Japão. Ao virar líder, a história oficial afirma que ele nasceu em 16 de fevereiro de 1942 no Monte Paektu, sobre o qual surgiram uma nova estrela e um duplo arco-íris.

Querido Líder, que de acordo com a história oficial do regime stalinista norte-coreano "nunca defecou", chega ao poder em 1994 e mantém a ditadura impiedosa no país mais fechado do mundo.

Como a Coreia do Norte perde seu patrocinador com o fim da União Soviética em 1991, é um período de miséria, escassez, fome e falta de energia. Kim Jong Il faz os primeiros testes nucleares, o primeiro em 9 de outubro de 2006 e o segundo em 25 de maio de 2009.

Kim II é sucedido por Kim III, Kim Jong Un, meses depois da queda e morte do ditador Muamar Kadafi, que acaba com os programas de armas de destruição em massa e se aproxima do Ocidente durante a guerra contra o terrorismo, mas vira alvo de uma intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Líbia.

Com medo de seguir o destino de Kadafi, Kim Jong Un acelera o programa nuclear, faz mais quatro testes e desenvolve mísseis de longo alcance, capazes de atingir o território continental dos EUA.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 16 de Dezembro

LORDE PROTETOR

Em 1653, o militar e político Oliver Cromwell assume o poder no curto período republicano da história britânica como Lorde Protetor da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda. Governa como um ditador até a morte, em 3 de setembro de 1658, talvez envenenado.

Cromwell nasce em Huntingdon, na Inglaterra, em 25 de abril de 1599. É o único filho de Robert Crowmell e Elizabeth Steward. Por parte de pai, é descendente indireto de Thomas Cromwell, primeiro-ministro do rei Henrique VIII. Seu pai é latifundiário, juiz de paz e membro do Parlamento durante o reinado de Elizabeth I.

Calvinista convicto, acredita que é "o maior dos pecadores" até se considerar um "eleito de Deus". Nos seus 30 anos, vende suas terras e vira arrendatário de Henry Lawrence, que planeja emigrar para a Nova Inglaterra, mas desiste. Provavelmente, Cromwell iria junto.

Quando entra para a Câmara dos Comuns, ataca em 1628-29 os bispos de Carlos I. Protestante, não confia na hierarquia da Igreja Anglicana. Entende que todo cristão pode estabelecer contato direto com Deus através de orações e da Bíblia, sem necessidade de intermediários.

Reeleito em 1640 com o apoio de puritanos radicais do Condado de Cambridge, critica os aumentos de impostos e os monopólios da Coroa, mas sua principal oposição ao rei tem motivos religiosos. 

Em novembro de 1641, John Pym e aliados apresentação a Grande Remonstrância. É uma lista de mais de 200 demandas e reclamações, da censura aos bispos à corrupção do clero e à tirania e usurpação eclesiásticas. Exige o fim da imposição de impostos sem o consentimento do Parlamento. Repudia a promoção de reformas religiosas indesejadas, a injustiça dos tribunais e a não punição dos católicos.

A Grande Remonstrância é aprovada na Câmara dos Comuns em 22 de novembro de 1641 e não é enviada à Câmara dos Lordes antes de ser entregue ao rei, que a rejeita. Cromwell diz que, se não fosse aprovada pelos Comuns, deixaria a Inglaterra para sempre "no dia seguinte". Sua rejeição pelo rei é uma das causas da Revolução Puritana (1642-49) e da Guerra Civil Inglesa (1642-51) .

Durante a guerra civil, em 1643, Cromwell conquista reputação de ser um grande líder e militar, capaz de organizar forças de combate. Nomeado coronel, organiza um regimento de cavalaria de primeira classe com uma disciplina rígida. Passa a ser conhecido como Velho Braços de Ferro.

Como um dos generais das forças protestantes do Parlamento, luta contra o rei Carlos I (1625-49), da Dinastia Stuart, católica e escocesa, decapitado em 30 de janeiro de 1649, e governa como um ditador absolutista até a morte. É sucedido pelo filho Ricardo, que não tem o mesmo carisma.

A monarquia é restaurada em 1660, quando o Parlamento convida o rei Carlos II (1660-85), filho mais velho de Carlos I, a voltar do exílio na França e ocupar o trono.

Em 1661, por ordem da Câmara dos Comuns, o cadáver de Cromwell é desenterrado, exumado e enforcado. O corpo é reenterrado sob a forca em Tyburn, hoje Marble Arch. A cabeça fica exposta publicamente no Palácio de Westminster até 1685.

Carlos II é sucedido pelo irmão Jaime II, derrotado pelo protestante holandês Guilherme de Orange na Revolução Gloriosa (1688-89), que o coroa como Guilherme II, estabelece a supremacia do Parlamento e aprova a Lei ou Carta de Direitos, sob a influência do filósofo John Locke, pai do liberalismo político.

A Carta de Direitos proíbe o rei de ascender ao trono, exercer o poder, criar impostos, aplicar a lei, impor multas excessivas, infligir punições cruéis e ilegais, e convocar e manter um exército permanente sem o consentimento do Parlamento. 

FESTA DO CHÁ EM BOSTON

    Em 1773, milhares de colonos norte-americanos invadem o porto de Boston e um grupo de 50 a 70, disfarçados de índios mohawk, entram em três navios britânicos e jogam no mar 342 caixas de uma carga de chá da Companhia das Índias Orientais, uma das pontas de lança do Império Britânico, num episódio marcante da luta pela independência dos Estados Unidos.

A Lei do Chá, aprovada naquele ano, reduz os impostos e dá à empresa o virtual monopólio do comércio de chá no que viriam a ser os EUA. O valor da carga de chá é de US$ 1,7 milhão pela cotação da época. Pela cotação de 2022, é estimado em US$ 18,6 milhões. 

O governo britânico está exaurido financeiramente pelos gastos na Guerra dos Sete Anos (1756-63), quando toma as possessões da França na Índia e na maior parte do que hoje é Canadá. A revolta dos colonos norte-americanos começa em protesto contra a Lei do Selo, de 1765, que tenta restaurar as finanças do Reino Unido.

Por sua vez, os colonos tinham colaborado para o esforço de guerra com homens e impostos. Não querem pagar mais por impostos aprovados pelo Parlamento Britânico, onde não têm representação. Daí, nasce um dos lemas da luta pela independência: "Não à taxação sem representação."

Em 1774, a Lei Coercitiva fecha o porto de Boston a navios mercantes, impõe um governo militar à colônia, torna militares britânicos inimputáveis e obriga os colonos a alojar as tropas do rei George III. Está aceso o estopim da rebelião.

Na Guerra da Independência (1775-83), os colonos têm o apoio da França. Em 1783, no Tratado de Paris, o Reino Unido e a França reconhecem a independência dos EUA.

AFRICÂNERES MASSACRAM ZULUS

    Em 1838, sob o comando de Andries Pistorius, 464 voortrekkers (pioneiros em holandês) matam mais de 3 mil zulus na Batalha do Rio do Sangue, hoje parte da província de KwaZulu-Natal, na África do Sul.

A Grande Jornada é uma migração de colonos de origem holandesa (africâneres) da Colônia do Cabo para o interior do que hoje é a África do Sul iniciada em 1836. Leva à criação de várias repúblicas autônomas bôeres (do holandês boer, agricultor) como a República da África do Sul (Transvaal), o Estado Livre de Orange e a República de Natália.

Os voortrekkers, liderados por Piet Retief, migram para a Zululândia em 1837 e negociam um acordo com o rei Dingane para ocupar terras entre o Rio Tugela e Port Saint Johns. Em 6 de fevereiro de 1838, Dingane trai os pioneiros e mata a delegação, inclusive Retief, mas o tratado é encontrado entre seus restos mortais.

A Batalha do Rio do Sangue acontece porque o rei zulu Dingane desrespeita mais uma vez o acordo para conviver pacificamente com os voortrekkers. Com uma força muito maior numericamente, de 25 a 30 mil homens, o rei Dingane acredita que pode expulsar os pioneiros. Eles veem a vitória como um triunfo do cristianismo sobre a barbárie. O rio ganha este nome supostamente por ficar vermelho com o sangue zulu.

Em janeiro de 1840, com o apoio de Pistorius, o príncipe Mpande vence o rei Dingane na Batalha de Maqongpe e é coroado novo rei zulu. O Império Britânico conquista e anexa a República de Natália em 1843.

Na Guerra Anglo-Zulu, em 22 de janeiro de 1879, um exército de cerca de 20 mil africanos sem armas de fogo sob o comando de Ntshingwayo Khosa derrota uma força do Império Britânico de 1,8 mil homens na Batalha de Isandlwana. Depois de uma série de confrontos, os britânicos ganham a guerra na Batalha de Ulundi, derrotando o rei zulu Cetshwayo.

Em 1877, o Império Britânico anexa a República do Transvaal, onde há uma grande descoberta de ouro em 1886. A revolta dos colonos de origem holandesa causa a Guerra dos Bôeres (1899-1902), quando os britânicos consolidam o domínio sobre a região ao vencer o que chamam de "tribo branca da África", alegando que os bôeres haviam se tornado primitivos e inferiores, na visão imperialista, como os africanos negros.

INÍCIO DA BATALHA DE ARDENAS

    Em 1944, a Alemanha Nazista lança sua última grande ofensiva na frente ocidental durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45). Começa numa floresta da região da Valônia, na Bélgica, a Batalha de Ardenas, que se estende para o Norte da França e Luxemburgo.


Depois da invasão da Normanda, no Norte da França, em 6 de junho de 1944, os aliados libertam a França, em agosto, e avançam rumo à Alemanha. Quase toda a cúpula militar alemã entende que deve concentrar suas tropas na frente oriental para deter a ofensiva do Exército Vermelho da União Soviética em direção a Berlim, menos o ditador Adolf Hitler.

Os objetivos dos nazistas são impedir que os aliados usem o porto de Antuérpia e dividir as linhas inimigas para tentar cercar e destruir quatro forças inimigas. Hitler, que assume o comando militar da Alemanha desde dezembro de 1941, acredita que ainda pode forçar os aliados ocidentais a negociar a paz com as potências do Eixo. Assim, poderia se concentrar na guerra contra a URSS.

A Alemanha lança a Operação Vigília sobre o Vale do Rio Reno com um ataque de surpresa em 16 de dezembro, aproveitando o excesso de confiança dos aliados e a dificuldade de reconhecimento aéreo por causa do mau tempo no fim do outono.

Com o reforço do 3º Exército dos EUA, sob o comando do general George Patton, e uma enorme superioridade aérea, os aliados retomam Bastogne em 26 de dezembro de 1944. Em 3 de janeiro de 1945, começam a contraofensiva. A vitória vem em 28 de janeiro. Para os alemães, fica evidente que a derrota é inevitável. 

A União Soviética toma Berlim, em 8 de maio de 1945, Dia da Vitória na Europa.

TALEBÃ DO PAQUISTÃO ATACAM ESCOLA

    Em 2014, a Milícia dos Estudantes (Talebã) do Paquistão ataca uma escola pública do Exército na cidade de Peshawar, matando 150 pessoas, sendo 134 crianças.

Sob a orientação do serviço secreto militar do Paquistão, a Milícia dos Talebã (Estudantes) nasce em 1994 no Afeganistão em reação à anarquia que toma conta do país depois do fim de 10 anos de invasão pela União Soviética, em 1989. As milícias extremistas muçulmanas que expulsam os soviéticos com o apoio dos Estados Unidos, da Arábia Saudita, da China e do Paquistão começam a brigar entre si.

A situação é tão caótica que inviabiliza as rotas de comércio entre Irã e Paquistão passando pelo Afeganistão. O serviço secreto militar do Paquistão cria a milícia extremista, formada por estudantes das madrassas, as escolas religiosas que só ensinam a língua árabe; os hádices, ditos do profeta Maomé; o Corão, o livro sagrado do islamismo; e a História do Islã. São os talebã, plural de taleb, estudante em árabe.

Sua ideologia mistura a tradição deobandista, o puritanismo wahabista (versão saudita do islamismo) e a cultura pastó, do povo que vive naquela região, que sempre ignorou a Linha Durand, traçada pelo Império Britânico em 1893 dividindo Afeganistão e Paquistão.

Dois anos depois da fundação, em 1996, os talebã tomam o poder em Cabul e impõe o integrismo muçulmano. Discriminam mulheres, proibidas de estudar e andar sem um parente masculino, obrigadas a sair na rua de burca, aquela roupa que cobre da cabeça aos pés e deixa seus olhos verem o mundo por um tecido rendado, homossexuais e homens que não se submetem ao rigoroso código de costumes do Ministério da Propagação da Virtude e Combate ao Vício, inspirado na polícia religiosa da Arábia Saudita.

Só a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Paquistão reconhecem o governo dos Talebã, que abriga a rede terrorista Al Caeda, fundada por Ayman al-Zawahiri e Ossama ben Laden em 1988 para, depois de combater a URSS, lutar contra os EUA.

Washington apoia veladamente o novo governo afegão e chega a dar dinheiro para o regime talebânico combater a produção de papoula e opioides. Em 1998, depois de atentados contra as embaixadas norte-americanas no Quênia e na Tanzânia, o presidente Bill Clinton manda bombardear os acampamentos e centros de treinamento d'al Caeda no Afeganistão.

A resposta do terror vem nos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA. Pouco menos de um mês depois, os EUA invadem o Afeganistão, em três semanas derrubam o governo dos talebã. A maior parte da liderança d'al Caeda, inclusive Ben Laden, sobrevive à Batalha de Tora Bora, em dezembro de 2001, e foge para o Paquistão. Os EUA ocupam o Afeganistão durante 20 anos sem conseguir estabelecer um governo estável.

Os Talebã do Paquistão surgem como um braço dos Talebã do Afeganistão em 2007 em resposta a um ataque do Exército paquistanês contra Al Caeda em áreas tribais do país. No ano seguinte, o Paquistão declara a ilegalidade do grupo. Mais tarde, o acusa pelo atentado terrorista que mata a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto em dezembro de 2007, quando ela fazia campanha eleitoral para voltar ao poder.

No ataque à escola, homens armados vestidos com uniformes da polícia de fronteiras entram no colégio, situado numa área de classe média, por volta das 10h00 e atiram indiscriminadamente para todos os lados. 

Em 2019, o grupo tem 3 e 4 mil milicianos. Quando os talebã retomam o poder no Afeganistão, em agosto de 2021, o Paquistão tem a expectativa de que vão ajudar a combater a milícia paquistanesa, mas os afegãos preferem mediar negociações. 

domingo, 15 de dezembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 15 de Dezembro

 MORTE DE TOURO SENTADO

    Em 1890, a polícia mata numa reserva do estado de Dakota do Sul o cacique sioux Touro Sentado, um dos maiores símbolos da resistência indígena à colonização dos Estados Unidos por imigrantes europeus e seus descendentes.

Sua recusa em levar a tribo para uma reserva indígena levou à Batalha de Little Big Horn, em 25 de junho de 1876, quando sioux e cheienes liderados por Touro Sentado e Cavalo Doido derrotam o 7º Regimento de Cavalaria, comandado pelo general George Custer. É a última grande vitória dos índios nas Guerras Indígenas dos EUA.

EICHMANN CONDENADO

    Em 1961, o carrasco nazista Adolf Eichmann, um oficial da SS, a milícia do Partido Nazista, encarregado da "solução final da questão judaica" no Holocausto, é condenado à morte em Telavive por um tribunal de crimes de guerra de Israel.

Eichmann nasce em Solingen, na Alemanha, em 19 de março de 1906. Em novembro de 1932, entra para a SS, encarregada de policiamento, inteligência e aplicação das políticas antissemitas. Ele sobe rapidamente na hierarquia.

Com a anexação da Áustria em 12 e 13 de março de 1938, Eichmann vai para Viena com a missão de livrar a cidade de judeus. Cria uma deportação. Em 1939, vai para a Tcheco-Eslováquia ocupada com a mesma missão e é indicado para a seção judaica do escritório central da SS, em Berlim.

Em 20 de janeiro de 1942, Eichmann participa da Conferência de Wannsee, em Berlim, que adota a "solução final" para exterminar os judeus da Europa. Cerca de 6 milhões, 60% dos judeus da Europa, são mortos até o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45).

Ele é capturado pelos Estados Unidos, mas consegue fugir de um campo de prisioneiros e escapa do julgamento no Tribunal de Crimes de Guerra de Nurembergue, na Alemanha. Com falsa identidade, viaja pela Europa e o Oriente Médio até chegar em 1950 à Argentina, onde se refugiam vários nazistas.

Em 1957, um procurador alemão informa Israel que Eichmann está na Argentina. O Mossad, serviço secreto de Israel, envia agentes que localizam o genocida em San Fernando, na Grande Buenos Aires. Como Israel supõe que a Argentina não vai aceitar um pedido de extradição, decide sequestrar o carrasco nazista.

Israel aproveita o grande fluxo de turistas para a Argentina em 1960 para a festa dos 150 anos da revolução que levou à independência do país. Em 11 de maio, o Mossad prende Eichmann quando caminha para a casa depois de descer de um ônibus. A família o procura em hospitais, mas não avisa a polícia.

Em 20 de maio, drogado, Eichmann é embarcado num avião disfarçado como um aeronauta israelense que teria sofrido um trauma na cabeça num acidente. Três dias depois, o primeiro-ministro David Ben Gurion revela que Eichmann está sob custódia em Israel.

A Argentina exige a devolução, mas Israel argumenta que é um criminoso de guerra com crimes contra a humanidade. O primeiro julgamento televisionado da história começa em 11 de abril de 1961.

Eichmann é alvo de 15 acusações de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e crimes contra o povo judeu. Em sua defesa, ele alega que apenas cumpria ordens, mas é condenado por todas as acusações em 15 de dezembro e enforcado perto de Telavive em 31 de maio de 1962.

REVOLUÇÃO ROMENA

    Em 1989, a polícia abre fogo contra uma grande manifestação de protesto na cidade de Timissoara, onde a maioria étnica é de húngaros, e deflagra a revolução que derruba a ditadura comunista de Nicolae Ceausescu na Romênia.

Ceausescu é o ditador mais brutal dos regimes comunistas da Europa Oriental. No poder desde 1965,  ele retira a Romênia do Pacto de Varsóvia, a aliança militar liderada pela União Soviética. Condena das invasões de Tcheco-Eslováquia (1968) e do Afeganistão (1979).

Se adota uma política externa independente, internamente no tolerada oposição ou qualquer dissenso. Para aumentar a taxa de natalidade, em 1966, proíbe o aborto e os anticoncepcionais. Em 1982, manda exportar grande parte das produções agrícola e industrial, o que causa escassez de alimentos, medicamentos, combustíveis, reduzindo o nível de vida da população. Ele também incentiva um culto da personalidade dele e de sua mulher, Elena.

Quando a polícia atira nos manifestantes em Timissoara, uma pessoa morre, mas um repórter da Agência de Notícias da Alemanha Oriental, que tinha feita sua revolução com a queda do Muro de Berlim em 9 de novembro, reporta que 10 mil morreram.

Em 22 de dezembro, quando Ceausescu faz um comício, é vaiado pela multidão e os militares romenos aderem à rebelião. O ditador e sua mulher são presos. Depois de um julgamento sumário, são executados em 25 de dezembro.

REABERTA TORRE DE PISA

    Em 2001, a Torre Inclinada de Pisa, na Itália, é reaberta ao público depois de 11 anos de obras no valor de US$ 27 milhões para estabilizar a estrutura. Tem 56 metros de altura. É feita de mármore.

A construção da torre do sino começa em 1173 como terceira estrutura da catedral da cidade. Quando a obra está no terceiro dos oito andares, o solo começa a ceder, levando a uma inclinação da torre em 5,5 graus ou 4,5 metros. As obras conseguem reduzir a inclinação para menos de 4 graus.

FIM DA INVASÃO DO IRAQUE

    Em 2011, o presidente Barack Obama, que sempre foi contra a invasão, retira as forças dos Estados Unidos e acaba com a guerra no Iraque.

A invasão do Iraque em 20 de março de 2003 é ordenada pelo presidente George Walker Bush sob o falso pretexto de que a ditadura de Saddam Hussein desenvolve armas de destruição em massa. O ditador cai em 9 de abril e Bush declara "missão cumprida" em 1º de maio de 2003.

Os EUA cometem vários erros, a começar pela invasão em si, inclusive a dissolução das forças de segurança do Iraque e de toda a máquina do Estado, dominada pelo partido Baath. Como o Iraque não resiste, as forças de Saddam vão para a clandestinidade com suas armas.

A alienação da minoria árabe sunita, que mandava no Iraque desde que o Império Otomano toma conta da região séculos atrás, provoca uma revolta contra o invasor, e a infiltração da rede terrorista Al Caeda agrava a situação, levando o presidente Bush a enviar um reforço de tropas em 2007.

Obama se elege em 2009 prometendo acabar com as guerras no Afeganistão e no Iraque. Ao não conseguir apoio do primeiro-ministro Nuri al-Maliki para garantir a impunidade dos soldados dos EUA, Obama decide retirar as forças norte-americanas do Iraque.

No segundo governo Obama (2013-17), a ameaça do grupo terrorista Estado Islâmico, antiga Al Caeda no Iraque, depois Estado Islâmico do Iraque, Estado Islâmico do Iraque e do Levante e Estado Islâmico, leva os militares dos EUA de volta ao Iraque em agosto de 2014.

Os EUA encerram suas missões de combate em 9 de dezembro de 2021, mas ainda mantém 2,5 mil soldados no Iraque. Suas bases militares são alvo de milícias apoiadas pelo Irã desde o início da atual guerra entre Israel e o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas).