sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Hoje na História do Mundo: 13 de Dezembro

DRAKE PARTE PARA VOLTA AO MUNDO

    Em 1577, com 5 navios e 164 homens, o corsário inglês Francis Drake zarpa de Plymouth, na Inglaterra, para saquear colônias da Espanha na costa leste da América Latina e explorar o Oceano Pacífico. Termina por se tornar o primeiro comandante a completar a volta ao mundo porque o português Fernão de Magalhães morrera nas Filipinas, em 1521, sem concluir a primeira viagem de circunavegação da Terra, finalizada por Juan Sebastián Elcano.

Drake nasce por volta de 1540 em Tavistock. É o mais velho de 12 filhos. Aos 20 anos, é capitão de navio. Em 1568, começa a trabalhar como corsário para a rainha Elizabeth I.

Na circunavegação, atravessa o Estreito de Magalhães e ataca colônias espanholas ao longo da costa do Oceano Pacífico. O rei Felipe II, da Espanha, o acusa de pirataria e oferece 20 mil ducados (US$ 8,8 milhões pela cotação atual) por ele vivo ou morto.

Para reparar seu navio, o Golden Hind (Corça Dourada), ancora onde hoje é a Califórnia. Em junho de 1579, Drake reivindica a posse daquelas terras, que chama de Nova Albion, pela coroa da Inglaterra. É o primeiro a fazer isso em território hoje pertencente aos EUA.

Drake segue rumo ao Norte em busca de uma passagem para voltar à Europa. Sem encontrar, volta pelo Pacífico até chegar às Índias Orientais. Passa pelo Oceano Índico até chegar ao Atlântico. Em 26 de setembro de 1580, volta a Plymouth. No ano seguinte, é nomeado cavaleiro pela rainha.

Sua maior façanha talvez seja como subcomandante na vitória sobre a Invencível Armada da Espanha, uma tentativa do rei Felipe II de invadir a Inglaterra, em julho e agosto de 1588, sob o comando de Alonso de Gusmán y Sotomayor, 7º Duque de Medina Sidônia, um aristocrata sem experiência em combate.

Conta a lenda que Drake joga boliche no porto de Plymouth e diz que há tempo de sobra para terminar o jogo e derrotar os espanhóis. Espera a maré alta para lançar o ataque. Esta história não é confirmada.  

Drake persegue e captura no Canal da Mancha o navio Nuestra Señora del Rosario, que levava dinheiro para pagar o Exército espanhol baseado na região de Flandres, nos Países Baixos, que pertenciam à Espanha.


Na noite de 7 para 8 de julho, Drake e o comandante, Lorde Charles Howard, tocam fogo em navios e os enviam na direção da frota espanhola, que é obrigada a sair às pressas do porto de Calais, na França, é derrotada na Batalha de Gravelines e foge dando a volta pelo Norte da Escócia e a Irlanda, onde tempestades ajudam a completar a derrota. Dos 122 navios espanhóis que entram no Canal da Mancha, 87 voltam à Espanha.

Em 1589, ele recebe uma missão tripla: destruir a frota atlântica da Espanha, em reparos em La Coruña; ir a Lisboa fomentar uma revolta contra o Domínio Espanhol (desde 1580, Felipe II era rei da Espanha e de Portugal); e tomar os Açores para instalar uma base militar permanente.

A derrota em La Coruña custa as vidas de 12 mil homens e a perda de 20 navios. É a Contra-Armada. Drake é rebaixado a comandante da defesa da costa de Plymouth. Durante seis anos, não comanda nenhuma expedição naval.

Em 1595, Drake tenta tomar Las Palmas, nas Ilhas Canárias, cruza o Atlântico e ataca Porto Rico, onde perde a Batalha de São João. Tenta conquistar o porto do Panamá, onde partiam os galeões espanhóis carregados das riquezas do Peru, transportadas através do Istmo do Panamá em lombo de mula, e fracassa outra vez. Morre de desinteria em Colón, no Panamá, em 28 de janeiro de 1596.

ESTUPRO DE NANQUIM

    Em 1937, o Império do Japão invade a cidade de Nanquim, na época capital da República da China, e inicia um massacre de seis semanas em que pelo 150 mil "prisioneiros de guerra" e 50 mil civis são mortos, e 20 mil meninas e mulheres são violentadas sexualmente. Ao todo, estima-se que 300 mil chineses foram mortos no Estupro de Nanquim, uma atrocidade que até hoje marca as relações entre os dois países.

O Japão invade a região da Manchúria, no Nordeste da China, em 1931, e ataca Xangai, a maior e mais rica cidade chinesa, em agosto de 1937. A cidade resiste até meados de novembro. 

Para quebrar a força moral do inimigo, em 1º de dezembro, o general japonês Iwane Matsui manda destruir Nanquim. 

Depois do fim da Segunda Guerra Mundial (1939-45), o Tribunal Militar Internacional de Crimes de Guerra de Tóquio estima que pelo menos 200 mil pessoas foram mortas em Nanquim e condena Matsui à pena de morte.

DECRETADO O AI-5

    Em 1968, um dia depois que o Congresso nega autorização para processar o deputado Márcio Moreira Alves, que havia exortado as mulheres a não dançarem com militares em 7 de setembro, o ditador Artur da Costa e Silva decreta o Ato Institucional Nº 5, que abole o direito de habeas corpus, aumenta a tortura, os sequestros e assassinatos políticos, impõe a censura e transforma o Brasil numa ditadura militar fascista.

O AI-5 é um golpe dentro do golpe. É o período mais sombrio do regime militar instaurado em 1964, com a deposição do presidente João Goulart. A ditadura fecha o Congresso, passa a governar por decretos-leis, ignora a Justiça e se arroga o direito de demitir qualquer funcionário público.

É o mais violento dos 17 atos institucionais da ditadura. Imediatamente, 500 pessoas perdem os direitos políticos, 5 juízes, 4 senadores e 95 deputados são cassados.

Em 1973, a Guerra do Yom Kippur, entre Israel e países árabes, causa a primeira crise do petróleo, que acaba com o milagre econômico da ditadura, baseado em energia e mão de obra baratas, com sindicatos proibidos de defender os trabalhadores e de lutar por melhores salários.

No ano seguinte, o ditador Ernesto Geisel anuncia a "abertura lenta, gradual e segura". Com a crise do petróleo, o governo perde o apoio da classe média e as eleições para o Senado em 16 dos 22 estados.

A censura prévia à grande imprensa acaba em 1977. O AI-5 é revogado em 31 de dezembro de 1978, depois de 10 anos de tirania.

GOLPE NA POLÔNIA

    Em 1981, o general Wojciech Jaruzelski, primeiro-secretário do Partido Operário Unificado Polonês (comunista) e primeiro-ministro da Polônia, decreta lei marcial e coloca na ilegalidade o sindicato livre Solidariedade, liderado por Lech Walesa, reconhecido pelo regime no ano anterior. Walesa é preso.


A lei marcial é suspensa em 1982 e Walesa é libertado. Três anos depois, Mikhail Gorbachev se torna secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética e inicia uma abertura política e reforma econômica. Jaruzelski inicia reformas, mas é repudiado.

A Polônia é o primeiro país do Bloco Soviético a realizar eleições democráticas, em 4 e 18 de junho de 1989, mas o Solidariedade só é autorizado a disputar 35% das cadeiras. Conquista todas, menos uma, que fica com um candidato independente.

Como os comunistas mantém a maior parte das cadeiras, Jaruzelski é eleito presidente indiretamente em 19 de julho de 1989, mas é obrigado a ceder o poder em 22 de dezembro de 1990 a Walesa, primeiro presidente polonês eleito democraticamente.

GORE RECONHECE DERROTA

    Em 2000, depois de uma batalha judicial em torno da apuração dos votos da Flórida que chega à Suprema Corte, o vice-presidente Albert Gore Jr. reconhece a vitória de George Walker Bush na eleição presidencial, a primeira e única no século 20 em que o candidato vencedor no voto popular perde no Colégio Eleitoral.

Fortes suspeitas de fraude pesam sobre a eleição. No sistema político norte-americano, uma verdadeira federação, a eleição é organizada pelos estados. 

A Flórida, o estado decisivo, é governada por Jeb Bush, irmão do candidato republicano. A secretária de Estado da Flórida, encarregada da eleição, chefia a campanha de Bush.

Há o voto borboleta, em que a ordem dos candidatos na cédula confundem o eleitor, máquinas de perfurar cartões com a perfuração imperfeita. No fim, Bush vence por 537 votos na Flórida e perde por 543.895 no voto popular no país inteiro, mas ganha no Colégio Eleitoral por 271 a 266.

O Tribunal de Justiça da Flórida manda recontar os votos. A Suprema Corte suspende a recontagem, o que leva o ministro John Paul Stevens a afirmar que, "embora talvez nunca saibamos com total certeza a identidade de quem venceu a eleição presidencial de 2020, a identidade do perdedor é perfeitamente clara. É a confiança no juiz como guardião do Estado de Direito."

Mesmo discordando da decisão da Suprema Corte, Gore aceita o resultado porque "o rancor bipartidário deve ser posto de lado". Quanta diferença para os dias de hoje, quando o ex-presidente Donald Trump se recusa a reconhecer a vitória de Joe Biden em 2020 e tenta dar um golpe de Estado para evitar a ratificação pelo Congresso da votação no Colégio Eleitoral.

"Aceito o resultado final, que será ratificado segunda-feira pelo Colégio Eleitoral", declarou Gore na televisão. "Nesta noite, por nossa unidade como povo e por nossa força como democracia, ofereço minha concessão."

SADDAM HUSSEIN PRESO

    Em 2003, oito meses depois de ser derrubado por uma invasão dos Estados Unidos, o ditador iraquiano Saddam Hussein al-Tikrit é preso por forças norte-americanas.

Saddam nasce em Tikrit em 1937. Quando adolescente, vai para Bagdá, onde entra para o Partido Baath, um partido socialista árabe aliado da União Soviética na Guerra Fria, e participa de várias tentativas de golpe até instalar um primo no poder em 1968.

O ditador conquista o poder absoluto em 16 de julho de 1979, quando 14 pessoas são executadas publicamente em Bagdá. Em 22 de setembro de 1980, inicia uma guerra contra a República Islâmica do Irã.

Apesar do apoio dos Estados Unidos, da URSS e dos países árabes, a Guerra Irã-Iraque termina num impasse, em 20 de agosto de 1988, com um total de mortes estimado em até 1 milhão de pessoas.

Com a economia abalada pela guerra, Saddam pressiona as monarquias petroleiras árabes em busca de dinheiro. Sem sucesso, invade o Kuwait em 2 de agosto de 1990 e ameaça a Arábia Saudita.

Os EUA e aliados reagem e formam uma grande aliança, inclusive com países muçulmanos. Na Guerra do Golfo, em 1991, os iraquianos são expulsos do Kuwait, mas Saddam não cai e massacra rebeldes curdos e xiitas que desafiam sua autoridade. 

O Iraque é submetido a um rigoroso regime de sanções pelas Nações Unidas para acabar com os programas de desenvolvimento de armas de destruição em massa (químicas, biológicas e nucleares).

Depois dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, nos quais o Iraque não teve qualquer participação, o presidente George W. Bush coloca o país num "eixo do mal", ao lado da Coreia do Norte e do Iraque. 

Sob o falso pretexto de Saddam tinha armas de destruição em massa, os EUA e alguns aliados invadem o Iraque em 20 de março de 2003 e derrubam o ditador em 9 de abril, gerando uma situação de caos e anarquia em que se infiltra a rede terrorista Al Caeda, responsável pelo 11 de setembro. Al Caeda no Iraque se transformaria no Estado Islâmico do Iraque e do Levante, um grupo terrorista ainda mais feroz do que Al Caeda.

Preso, Saddam é condenado e executado em 30 de dezembro de 2006. As armas de destruição em massa jamais são encontradas.

GRETA PERSONALIDADE DO ANO

    Em 2019, a jovem ativista sueca Greta Thunberg, de apenas 16 anos, é escolhida Personalidade do Ano da revista Time por sua luta contra o aquecimento global. É a primeira pessoa nascida no século 21 a receber a honraria.

Depois de convencer os pais a virarem veganos, reduzir sua pegada de carbono e evitar viagens aéreas, Greta promove greves de estudantes do ensino médio para pressionar as autoridades e os adultos. Logo, é convida a discursar em eventos e afirma: "Nossa casa está pegando fogo".

Em agosto de 2019, Greta atravessa o Oceano Atlântico num navio movido a energia solar e depõe no Congresso dos Estados Unidos com um discurso contundente: "Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias. Mesmo assim, sou uma das sortudas. Pessoas estão sofrendo. Pessoas estão morrendo. Ecossistemas inteiros estão entrando em colapso. Estamos no início de uma extinção em massa. E tudo o que vocês conseguem dizer é sobre dinheiro e o conto de fadas do crescimento econômico eterno. Como vocês ousam?" 

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