sábado, 7 de dezembro de 2024

UE e Mercosul fecham acordo de liberalização comercial

A União Europeia e o Mercado Comum do Sul (Mercosul) fecharam ontem um acordo de liberalização comercial em Montevidéu, no Uruguai, criando um mercado com mais de 740 milhões de consumidores e países responsáveis por quase um quinto do produto mundial bruto.

O acordo chega num momento de fragilidade dos dois blocos comerciais. A Europa tem crescimento baixo e perda de competitividade diante da ascensão da Ásia, da saída do Reino Unido, da invasão da Ucrânia pela Rússia e do risco de guerras comerciais com a volta do presidente Donald Trump à Casa Branca. O Mercosul vem de uma longa estagnação do bloco, que até agora só tinha acordos comerciais com Cingapura, Egito e Israel, com risco de dissolução por causa de países interessados em fazer acordos fora do bloco.

É um acordo que vai na contramão da tendência crescente de protecionismo econômico. Apresenta uma alternativa diante da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China e de uma nova guerra fria entre esses dois países que parece cada vez mais inevitável.

Os dois blocos têm cláusulas democráticas, uma defesa contra o ascensão de um populismo de extrema direita que ameaça a democracia dos dois lados do Oceano Atlântico. Todos os países se comprometem a seguir o Acordo de Paris sobre Mudança do Clima, de que Trump pode retirar os EUA mais uma vez.

A Europa é mais competitiva no setor industrial. O Mercosul é mais forte em agricultura e pecuária. Aí mora o perigo de não ratificação, por causa do protecionismo dos agricultores da França, da Polônia, da Irlanda e da Itália, temerosos da concorrência do Mercosul. Será um processo longo. Mas há salvaguardas para impedir a exportação de produtos vindos de áreas de desmatamento ou cultivados com agrotóxicos proibidos na UE.

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