LORDE PROTETOR
Em 1653, o militar e político Oliver Cromwell assume o poder no curto período republicano da história britânica como Lorde Protetor da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda. Governa como um ditador até a morte, em 3 de setembro de 1658, talvez envenenado.
Cromwell nasce em Huntingdon, na Inglaterra, em 25 de abril de 1599. É o único filho de Robert Crowmell e Elizabeth Steward. Por parte de pai, é descendente indireto de Thomas Cromwell, primeiro-ministro do rei Henrique VIII. Seu pai é latifundiário, juiz de paz e membro do Parlamento durante o reinado de Elizabeth I.
Calvinista convicto, acredita que é "o maior dos pecadores" até se considerar um "eleito de Deus". Nos seus 30 anos, vende suas terras e vira arrendatário de Henry Lawrence, que planeja emigrar para a Nova Inglaterra, mas desiste. Provavelmente, Cromwell iria junto.
Quando entra para a Câmara dos Comuns, ataca em 1628-29 os bispos de Carlos I. Protestante, não confia na hierarquia da Igreja Anglicana. Entende que todo cristão pode estabelecer contato direto com Deus através de orações e da Bíblia, sem necessidade de intermediários.
Reeleito em 1640 com o apoio de puritanos radicais do Condado de Cambridge, critica os aumentos de impostos e os monopólios da Coroa, mas sua principal oposição ao rei tem motivos religiosos.
Em novembro de 1641, John Pym e aliados apresentação a Grande Remonstrância. É uma lista de mais de 200 demandas e reclamações, da censura aos bispos à corrupção do clero e à tirania e usurpação eclesiásticas. Exige o fim da imposição de impostos sem o consentimento do Parlamento. Repudia a promoção de reformas religiosas indesejadas, a injustiça dos tribunais e a não punição dos católicos.
A Grande Remonstrância é aprovada na Câmara dos Comuns em 22 de novembro de 1641 e não é enviada à Câmara dos Lordes antes de ser entregue ao rei, que a rejeita. Cromwell diz que, se não fosse aprovada pelos Comuns, deixaria a Inglaterra para sempre "no dia seguinte". Sua rejeição pelo rei é uma das causas da Revolução Puritana (1642-49) e da Guerra Civil Inglesa (1642-51) .
Durante a guerra civil, em 1643, Cromwell conquista reputação de ser um grande líder e militar, capaz de organizar forças de combate. Nomeado coronel, organiza um regimento de cavalaria de primeira classe com uma disciplina rígida. Passa a ser conhecido como Velho Braços de Ferro.
Como um dos generais das forças protestantes do Parlamento, luta contra o rei Carlos I (1625-49), da Dinastia Stuart, católica e escocesa, decapitado em 30 de janeiro de 1649, e governa como um ditador absolutista até a morte. É sucedido pelo filho Ricardo, que não tem o mesmo carisma.
A monarquia é restaurada em 1660, quando o Parlamento convida o rei Carlos II (1660-85), filho mais velho de Carlos I, a voltar do exílio na França e ocupar o trono.
Em 1661, por ordem da Câmara dos Comuns, o cadáver de Cromwell é desenterrado, exumado e enforcado. O corpo é reenterrado sob a forca em Tyburn, hoje Marble Arch. A cabeça fica exposta publicamente no Palácio de Westminster até 1685.
Carlos II é sucedido pelo irmão Jaime II, derrotado pelo protestante holandês Guilherme de Orange na Revolução Gloriosa (1688-89), que o coroa como Guilherme II, estabelece a supremacia do Parlamento e aprova a Lei ou Carta de Direitos, sob a influência do filósofo John Locke, pai do liberalismo político.
A Carta de Direitos proíbe o rei de ascender ao trono, exercer o poder, criar impostos, aplicar a lei, impor multas excessivas, infligir punições cruéis e ilegais, e convocar e manter um exército permanente sem o consentimento do Parlamento.
FESTA DO CHÁ EM BOSTON
Em 1773, milhares de colonos norte-americanos invadem o porto de Boston e um grupo de 50 a 70, disfarçados de índios mohawk, entram em três navios britânicos e jogam no mar 342 caixas de uma carga de chá da Companhia das Índias Orientais, uma das pontas de lança do Império Britânico, num episódio marcante da luta pela independência dos Estados Unidos.
O governo britânico está exaurido financeiramente pelos gastos na Guerra dos Sete Anos (1756-63), quando toma as possessões da França na Índia e na maior parte do que hoje é Canadá. A revolta dos colonos norte-americanos começa em protesto contra a Lei do Selo, de 1765, que tenta restaurar as finanças do Reino Unido.
Por sua vez, os colonos tinham colaborado para o esforço de guerra com homens e impostos. Não querem pagar mais por impostos aprovados pelo Parlamento Britânico, onde não têm representação. Daí, nasce um dos lemas da luta pela independência: "Não à taxação sem representação."
Em 1774, a Lei Coercitiva fecha o porto de Boston a navios mercantes, impõe um governo militar à colônia, torna militares britânicos inimputáveis e obriga os colonos a alojar as tropas do rei George III. Está aceso o estopim da rebelião.
Na Guerra da Independência (1775-83), os colonos têm o apoio da França. Em 1783, no Tratado de Paris, o Reino Unido e a França reconhecem a independência dos EUA.
AFRICÂNERES MASSACRAM ZULUS
Em 1838, sob o comando de Andries Pistorius, 464 voortrekkers (pioneiros em holandês) matam mais de 3 mil zulus na Batalha do Rio do Sangue, hoje parte da província de KwaZulu-Natal, na África do Sul.
Os voortrekkers, liderados por Piet Retief, migram para a Zululândia em 1837 e negociam um acordo com o rei Dingane para ocupar terras entre o Rio Tugela e Port Saint Johns. Em 6 de fevereiro de 1838, Dingane trai os pioneiros e mata a delegação, inclusive Retief, mas o tratado é encontrado entre seus restos mortais.
A Batalha do Rio do Sangue acontece porque o rei zulu Dingane desrespeita mais uma vez o acordo para conviver pacificamente com os voortrekkers. Com uma força muito maior numericamente, de 25 a 30 mil homens, o rei Dingane acredita que pode expulsar os pioneiros. Eles veem a vitória como um triunfo do cristianismo sobre a barbárie. O rio ganha este nome supostamente por ficar vermelho com o sangue zulu.
Em janeiro de 1840, com o apoio de Pistorius, o príncipe Mpande vence o rei Dingane na Batalha de Maqongpe e é coroado novo rei zulu. O Império Britânico conquista e anexa a República de Natália em 1843.
Na Guerra Anglo-Zulu, em 22 de janeiro de 1879, um exército de cerca de 20 mil africanos sem armas de fogo sob o comando de Ntshingwayo Khosa derrota uma força do Império Britânico de 1,8 mil homens na Batalha de Isandlwana. Depois de uma série de confrontos, os britânicos ganham a guerra na Batalha de Ulundi, derrotando o rei zulu Cetshwayo.
Em 1877, o Império Britânico anexa a República do Transvaal, onde há uma grande descoberta de ouro em 1886. A revolta dos colonos de origem holandesa causa a Guerra dos Bôeres (1899-1902), quando os britânicos consolidam o domínio sobre a região ao vencer o que chamam de "tribo branca da África", alegando que os bôeres haviam se tornado primitivos e inferiores, na visão imperialista, como os africanos negros.
INÍCIO DA BATALHA DE ARDENAS
Em 1944, a Alemanha Nazista lança sua última grande ofensiva na frente ocidental durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45). Começa numa floresta da região da Valônia, na Bélgica, a Batalha de Ardenas, que se estende para o Norte da França e Luxemburgo.
A Alemanha lança a Operação Vigília sobre o Vale do Rio Reno com um ataque de surpresa em 16 de dezembro, aproveitando o excesso de confiança dos aliados e a dificuldade de reconhecimento aéreo por causa do mau tempo no fim do outono.
Com o reforço do 3º Exército dos EUA, sob o comando do general George Patton, e uma enorme superioridade aérea, os aliados retomam Bastogne em 26 de dezembro de 1944. Em 3 de janeiro de 1945, começam a contraofensiva. A vitória vem em 28 de janeiro. Para os alemães, fica evidente que a derrota é inevitável.
A União Soviética toma Berlim, em 8 de maio de 1945, Dia da Vitória na Europa.
TALEBÃ DO PAQUISTÃO ATACAM ESCOLA
Em 2014, a Milícia dos Estudantes (Talebã) do Paquistão ataca uma escola pública do Exército na cidade de Peshawar, matando 150 pessoas, sendo 134 crianças.
Sob a orientação do serviço secreto militar do Paquistão, a Milícia dos Talebã (Estudantes) nasce em 1994 no Afeganistão em reação à anarquia que toma conta do país depois do fim de 10 anos de invasão pela União Soviética, em 1989. As milícias extremistas muçulmanas que expulsam os soviéticos com o apoio dos Estados Unidos, da Arábia Saudita, da China e do Paquistão começam a brigar entre si.
A situação é tão caótica que inviabiliza as rotas de comércio entre Irã e Paquistão passando pelo Afeganistão. O serviço secreto militar do Paquistão cria a milícia extremista, formada por estudantes das madrassas, as escolas religiosas que só ensinam a língua árabe; os hádices, ditos do profeta Maomé; o Corão, o livro sagrado do islamismo; e a História do Islã. São os talebã, plural de taleb, estudante em árabe.
Sua ideologia mistura a tradição deobandista, o puritanismo wahabista (versão saudita do islamismo) e a cultura pastó, do povo que vive naquela região, que sempre ignorou a Linha Durand, traçada pelo Império Britânico em 1893 dividindo Afeganistão e Paquistão.
Dois anos depois da fundação, em 1996, os talebã tomam o poder em Cabul e impõe o integrismo muçulmano. Discriminam mulheres, proibidas de estudar e andar sem um parente masculino, obrigadas a sair na rua de burca, aquela roupa que cobre da cabeça aos pés e deixa seus olhos verem o mundo por um tecido rendado, homossexuais e homens que não se submetem ao rigoroso código de costumes do Ministério da Propagação da Virtude e Combate ao Vício, inspirado na polícia religiosa da Arábia Saudita.
Só a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Paquistão reconhecem o governo dos Talebã, que abriga a rede terrorista Al Caeda, fundada por Ayman al-Zawahiri e Ossama ben Laden em 1988 para, depois de combater a URSS, lutar contra os EUA.
Washington apoia veladamente o novo governo afegão e chega a dar dinheiro para o regime talebânico combater a produção de papoula e opioides. Em 1998, depois de atentados contra as embaixadas norte-americanas no Quênia e na Tanzânia, o presidente Bill Clinton manda bombardear os acampamentos e centros de treinamento d'al Caeda no Afeganistão.
A resposta do terror vem nos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA. Pouco menos de um mês depois, os EUA invadem o Afeganistão, em três semanas derrubam o governo dos talebã. A maior parte da liderança d'al Caeda, inclusive Ben Laden, sobrevive à Batalha de Tora Bora, em dezembro de 2001, e foge para o Paquistão. Os EUA ocupam o Afeganistão durante 20 anos sem conseguir estabelecer um governo estável.
Os Talebã do Paquistão surgem como um braço dos Talebã do Afeganistão em 2007 em resposta a um ataque do Exército paquistanês contra Al Caeda em áreas tribais do país. No ano seguinte, o Paquistão declara a ilegalidade do grupo. Mais tarde, o acusa pelo atentado terrorista que mata a ex-primeira-ministra Benazir Bhutto em dezembro de 2007, quando ela fazia campanha eleitoral para voltar ao poder.
No ataque à escola, homens armados vestidos com uniformes da polícia de fronteiras entram no colégio, situado numa área de classe média, por volta das 10h00 e atiram indiscriminadamente para todos os lados.
Em 2019, o grupo tem 3 e 4 mil milicianos. Quando os talebã retomam o poder no Afeganistão, em agosto de 2021, o Paquistão tem a expectativa de que vão ajudar a combater a milícia paquistanesa, mas os afegãos preferem mediar negociações.
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